RAQUEL DODGE ASSUME PGR COM DISCURSO DE COMBATE À CORRUPÇÃO

Raquel Dodge assumiu a Procuradoria-Geral da República e a
presidência do Conselho Nacional do Ministério Público, na manhã desta segunda-feira
(18). O termo de posse foi assinado por ela e pelo presidente Michel Temer, em cerimônia
da PGR. O ex-procurador-geral, Rodrigo Janot não participou da cerimônia.

Em seu discurso de posse, Dodge disse que o Ministério
Público tem [o dever de cobrar dos que gerenciam o gasto público que o façam de
modo honesto, eficiente e probo, ao ponto de restabelecer a confiança das
pessoas nas instituições de governança].

Sobre este assunto, ela citou uma fala do papa Francisco, na
qual o pontífice ensina que [a corrupção não é um ato, mas uma condição, um
estado pessoal e social, no qual a pessoa se habitua a viver], disse.

[O corrupto está tão fechado e satisfeito em alimentar a sua
autosuficiência que não se deixa questionar por nada nem por ninguém.
Constituiu uma autoestima que se baseia em atitudes fraudulentas. Passa a vida
buscando os atalhos do oportunismo, ao preço de sua própria dignidade e da
dignidade dos outros. A corrupção faz perder o pudor que protege a verdade, a
bondade e a beleza], acrescentou.

Segundo Dodge, não têm faltado meios orçamentários nem
instrumentos jurídicos para que o MP cumpra seu papel constitucional. [Estou
certa de que o MP continuará a receber do Poder Executivo e do Congresso
Nacional o apoio indispensável ao aprimoramento das leis e das instituições
republicanas e para o exercício de nossas atribuições].

Ela destacou que o MP tem o dever desempenhar bem todas suas
funções, uma vez que elas são necessárias para muitos brasileiros. [A situação
continua difícil pois [os brasileiros] estão expostos à violência e à
insegurança pública, recebem serviços públicos precários, pagam impostos
elevados, encontram obstáculos no acesso à Justiça, sofrem os efeitos da
corrupção, têm dificuldade de se auto-organizar, mas ainda almejam um futuro de
prosperidade e paz social].

Membro do Ministério Público Federal desde 1987, Raquel
Dodge é primeira mulher a exercer o cargo de procuradora-geral da República.
Para vice-procurador-geral da República, ela escolheu o subprocurador-geral da
República Luciano Maris Maia. Ela foi indicada na lista tríplice enviada ao
presidente da República após eleição da Associação Nacional dos Procuradores da
República (ANPR). Raquel Dodge foi a segunda mais votada, ficando atrás de
Nicolao Dino.

Rodrigo Janot, que deixa o cargo, não compareceu à
posse.  De acordo com dados referentes ao
segundo período de Janot na Procuradoria, que comandou de 2013 a 2017, na área
criminal, que envolve a Operação Lava Jato, foram feitos 242 pedidos de
abertura de inquérito, 98 pedidos de busca e apreensão, de interceptações
telefônicas e quebras de sigilo bancário e 66 denúncias foram enviadas à
Justiça (inclusive duas contra o presidente Temer). (ABr)

Foto: Reproducao Estadao