O juiz federal Sérgio Moro mandou, nesta terça-feira, 18, a
Polícia Federal fazer perícia na planilha Italiano do departamento de propinas
da Odebrecht para descobrir quando e por quem foi criada a fórmula matemática
que levou a Lava Jato a identificar supostas propinas de R$ 12,4 milhões da
empreiteira ao ex-presidente Lula.
Os R$ 12,4 milhões em propinas da Odebrecht, segundo a
Procuradoria da República, são referentes ao imóvel onde seria sediado o
Instituto Lula e o apartamento 121 no edifício Hill House, em São Bernardo do
Campo, supostamente ocultados por meio de contratos com terceiros, como a DAG
engenharia, de Demerval Souza, amigo de Marcelo Odebrecht e Glaucos da
Costamarques, primo do pecuarista José Carlos Bumlai, que tinha passe livre no
Palácio do Planalto no governo Lula.
A equação ((3* 1057)+ 8217 + 1034) = 12.422 estava nos
arquivos cifrados do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht – que fechou
delação e leniência na Lava Jato em janeiro 2017. Ela estava no mesmo registro
de valores do [Amigo], codinome de Lula. Segundo a Lava Jato, ela representa o
cálculo de gastos que a construtora teria com o imóvel vizinho ao apartamento
de Lula em São Bernardo do Campo e ao terreno onde seria sediado o Instituto.
A fórmula estava em um dos itens da conta [Italiano], que
chegou a ter R$ 300 milhões à disposição de Lula e do PT. O próprio [Italiano],
o ex-ministro Antonio Palocci, e o empresário e delator Marcelo Odebrecht,
confessaram o acerto da [conta corrente].
Para a Lava Jato, a primeira parte da equação [(3* 1057) =
3.171] é o valor de R$ 3,1 milhões, do saque em dinheiro vivo das contas do
setor de propinas da Odebrecht, usados para as despesas [por fora] da operação.
A segunda parte [8217] registra os R$ 8,2 milhões gastos
pela DAG Construtora, do amigo de Marcelo Odebrecht – preso desde junho de 2015
-, usada como [laranja] da Odebrecht na compra do prédio para o Instituto Lula.
E a terceira parte [1.034] é dos R$ 1 milhão gastos com o apartamento 121 do Hill
House e as comissões para o [laranja] de Lula, o aposentado Glaucos da
Costamarques – primo do pecuarista José Carlos Bumlai – e o advogado Roberto
Teixeira, compadre do petista.
Em ofício enviado à Polícia Federal, o magistrado pede [as
providências necessárias para a realização de perícia no arquivo denominado
[Planilha Especial Italiano] (arquivo esse que se encontra em posse da Polícia
Federal em Curitiba/PR), no prazo de 30 dias] para esclarecer duas questões:
[a) identificação da data e horário em que foi realizada a
inscrição da fórmula [(3*1057) + 8217 + 1.034)] no referido arquivo eletrônico
[b) identificação do IP do equipamento informático que
realizou a inserção da fórmula no arquivo eletrônico]. (AE).
Foto: Pedro de Oliveira – ALEP