O procurador da
República Deltan Dallagnol afirmou hoje (27) que 2018 será o ano da [batalha
final] da Operação Lava Jato porque as próximas eleições determinarão o futuro
da luta contra a corrupção no país. Dallagnol lembrou que a escolha de
deputados federais e senadores levará ao Congresso aqueles que aprovarão
medidas que permitam o combate à corrupção. Por isso, a sociedade precisa
avaliar cuidadosamente os candidatos, disse.
[A eleição de
deputados federais e senadores é que determinará se existirão retrocessos na
luta contra a corrupção e se existirão reformas e avanços que possam fazer o
país mais justo e com índices efetivamente menores de corrupção e de
impunidade], afirmou. No próximo ano, além de senadores e deputados federais,
estaduais e distritais, serão eleitos o presidente da República e os
governadores dos estados.
Dallagnol deu a declaração em entrevista coletiva ao lado dos procuradores
Anamara Osório Silva e Thaméa Danelon, do Ministério Público Federal em São
Paulo (MPF-SP); José Augusto Vagos e Eduardo El Hage, do MPF- no Rio; e
Carlos Fernando dos Santos Lima, do MPF no Paraná. Todos integram forças-tarefa
da Lava Jato nos três municípios e participaram, nesta segunda-feira, na
capital fluminense, de uma reunião para troca de experiências.
[O Rio de Janeiro
foi escolhido porque é o lugar hoje em que mais se expandem as investigações da
Lava Jato e porque, na vez anterior, quando os colegas foram a Curitiba,
colheram experiência curitibana. Hoje estamos no Rio de Janeiro para colher
experiência, carioca, fluminense], explicou Dallagnol.
Ele ressaltou que
foi importante o encontro ter ocorrido depois da liberação, pela Assembleia
Legislativa do Estado do Rio de Janeiro, dos deputados Jorge Picciani, Paulo
Melo e Edson Albertassi da prisão, sem autorização da Justiça. Posteriormente,
em nova decisão judicial, os três parlamentares voltaram à Cadeia Pública José
Frederico Marques, em Benfica, na zona norte do Rio. [É importante que nos
posicionemos contra esse tipo de manobra, que é apenas uma amostra do que pode
estar por vir do Congresso Nacional, no tocante à proteção da classe política
contra a investigação de indivíduos contra os quais pesam fortes evidências de
corrupção.]
Segundo Eduardo El
Hage, a reunião desta segunda-feira serviu para promover a integração das
atividades do MPF no âmbito da Operação Lava Jato. Sobre o estágio das
investigações no Rio de Janeiro, El Hage lembrou declarações do procurador
Leonardo Cardoso de Freitas, segundo o qual a apuração do alcance das operações
da organização que seria comandada no Rio pelo ex-governador Sérgio Cabral, é [um
oceano ainda não completamente mapeado]. [[São] crimes de corrupção, lavagem de
dinheiro e organização criminosa aqui no Rio], acrescentou.
Carlos Fernando dos
Santos Lima destacou que não se deve pensar na Lava Jato como uma investigação
de Curitiba, e sim como uma apuração nacional. Ele lembrou que os trabalhos
ainda têm poucos meses em São Paulo, mas, em Curitiba, estão em sua maturidade.
[Na sua maturidade, um homem e uma mulher atingem seus melhores objetivos e
suas melhores conquistas. Então, ainda há muito a se conquistar em Curitiba
efetivamente], enfatizou.
Carta do Rio
No fim do encontro,
os integrantes de forças-tarefa da Lava Jato em Curitiba, São Paulo e no Rio de
Janeiro divulgaram a Carta do Rio de Janeiro, documento no qual afirmam que,
desde 2014, a operação vem revelando que a corrupção no Brasil [está bastante
disseminada no modo de funcionamento do sistema político nas esferas federal,
estadual e municipal]. (Diário do Poder).
Foto: José Cruz – ABR