O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, declarou nesta
terça-feira (28) que, caso seja confirmado como presidente do PSDB nos próximos
dias, os tucanos romperão definitivamente com a gestão Michel Temer (PMDB).
Caso isso ocorra, terá sido o fim de uma parceria que perdura desde o início de
2016, depois que o PMDB anunciou rompimento com o governo Dilma Rousseff e, em
agosto do ano passado, o PSDB passou a ter cargos no Executivo federal.
[Se eu assumir o partido, o PSDB desembarca do governo
Michel Temer. Eu acho que não tem nenhuma razão continuar no governo. Já não é
de hoje que penso assim. Mas as reformas vão continuar], disse Alckmin, em
entrevista exclusiva a José Luiz Datena no programa [90 Minutos], da Rádio
Bandeirantes.
O governador paulista é apontado como o nome capaz de
promover um princípio de unidade em um PSDB rachado entre os que querem a
manutenção da aliança com Temer e os que, de olho nas eleições de 2018, defendem
o rompimento imediato – estes apontam os baixíssimos índices de aprovação
popular de Temer, que chegou a 3 da população, e temem a contaminação do
partido nas urnas. Além de Temer, denunciado por corrupção passiva, organização
criminosa e obstrução de Justiça, o próprio presidente afastado do
PSDB, senador Aécio Neves (MG), preocupa a cúpula tucana, pois também enfrenta
sérias acusações de corrupção e, como o presidente, foi flagrado em conversas
comprometedoras com Joesley Batista, dono da JBS.
Na entrevista a Datena, Alckmin declarou que sempre se opôs
à composição dos tucanos com Temer. O PSDB chegou a ter quatro ministérios no
governo, e agora mantém o controle de três depois da saída
de Bruno Araújo, deputado pernambucano, da pasta das Cidades. Por outro
lado, Alckmin reiterou ser favorável à pauta de reformas bancada por Temer
desde que tomou posse provisoriamente, em 12 de maio de 2016. O governo diz que
reformas como a da Previdência devem ser apoiadas pelo PSDB mesmo em caso de
desembarque do governo.
Sistema falido
Pré-candidato à Presidência da República em 2018, Alckmin
disse ainda que o atual sistema político brasileiro faliu e deve ser alterado.
Para o governador tucano, o presidente eleito no próximo ano deve tomar como
prioridade a reforma política e implementá-la nos primeiros dias de 2019,
depois da posse. Com discurso de presidenciável, ele disse ainda que uma chapa
eventualmente encabeçada por ele deve envolver tucanos ou outros aliados das
demais regiões do país.
[É natural que, em um país continental como o Brasil, com
realidades tão diferentes, você faça uma chapa procurando contemplar outras
regiões], afirmou o senador, que há até pouco tempo protagonizou uma disputa de
bastidor com seu apadrinhado político, o prefeito de São Paulo, João Doria,
como candidato do PSDB para a sucessão presidencial.
Com a saída do governador de Goiás, Marconi Perillo, e do
senador Tasso Jereissati (CE) da disputa pelo comando do PSDB, Alckmin deve
concorrer como nome único na convenção nacional do partido, prevista para 9 de
dezembro. Com a sinalização da legenda, que tem o respaldo do ex-presidente
Fernando Henrique Cardoso, o governador de São Paulo se fortalece internamente
para reeditar a disputa presidencial de 2006, quando perdeu as eleições para
Lula, então candidato à reeleição pelo PT.
Mais cedo, em agenda cumprida em Ribeirão Preto, interior de
São Paulo, Alckmin disse que sua indicação para o comando do partido, sem
concorrentes, foi uma demanda de FHC. O pedido do presidente de honra do PSDB,
disse o governador, foi justamente para que o partido alcance a unidade
interna. [A disputa acaba deixando sequelas], declarou o governador, de
acordo com a Agência Estado. Alckmin disse ainda que aceitou a missão de
comando [para promover a união e fortalecer o PSDB para ser um forte instrumento
de mudança do Brasil. (Congresso em Foco)
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil