HOMEM DA MALA DE SÉRGIO CABRAL DELATA EX-GOVERNADOR

Interrogado na 7ª
Vara Federal Criminal nesta quinta-feira, 7, como delator, o principal operador
do suposto esquema de corrupção chefiado pelo ex-governador do Rio Sérgio Cabral
Filho (PMDB), Carlos Miranda, confirmou que empresas contratadas pelo Estado
pagavam 5 por contrato à organização criminosa do peemedebista. Ele também
confirmou a afirmação do empresário Fernando Cavendish, da Delta
Construções, de que abateu o valor de um anel comprado para a ex-primeira
dama do Estado, Adriana Ancelmo – cerca de R$ 800 mil – de propina
repassada a Cabral.

[Fernando Cavendish
me informou que tinha esse gasto para ser descontado desta propina e eu fiz a
contabilidade desse valor], disse o novo delator ao juiz Marcelo Bretas.
Miranda fechou delação com o Ministério Público Federal (MPF), homologada pelo
Supremo Tribunal Federa (STF). A informação foi divulgada pela defesa do
próprio delator durante o depoimento.

O operador também
explicou o papel de cada um dos integrantes do esquema. Ele disse que Luiz
Bezerra atuava como seu funcionário e passou a fazer o recolhimento de
dinheiro vivo, de acordo com suas ordens, depois que seu nome apareceu na
operação Castelo de Areia, em 2010. A orientação teria partido do próprio
Cabral.

[Bezerra trabalhava
para mim, recolhia o dinheiro vivo e fazia os pagamentos que eu determinava que
ele fizesse. Em 2010, com a operação Castelo de Areia, saiu meu nome e, por
orientação do Sérgio, ele me pediu para que eu evitasse ir até as empresas para
trazer o dinheiro. Foi quando o Bezerra começou a trabalhar comigo, fazendo
esse trabalho], disse.

Miranda acrescentou
que a pessoa referida como [Cabra Macho] na tabela de contabilidade das
propinas era Sérgio Cabral. Além disso, que empresas também fizeram
contribuições visando interesses em alguma legislação estadual. O operador
também afirmou que o então secretário da Casa Civil de Cabral, Regis Fichtner,
recebia propinas em parcelas de R$ 50 e R$150 mil.

Miranda tem laços
fortes com o ex-governador. Ele já foi assessor parlamentar de Cabral, sócio em
uma empresa ligada à sua família e casou-se com uma prima em primeiro grau do
ex-governador. Segundo apontou o MPF, depoimentos apontaram Miranda como a
pessoa a quem Sérgio Cabral confiou a coleta e transporte dos valores de
propina exigidos das empreiteiras, aponta o Ministério Público
Federal. (AE).

Foto: Rodrigo Feliz – Gazeta do Povo

 

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