Um estudo organizado pelo Iede (Interdisciplinaridade e
Evidências no Debate Educacional), com base em dados do Programa Internacional
de Avaliação de Alunos (Pisa) de 2015, mostra que o Brasil tem a segunda pior
conectividade nas escolas entre os países que participaram do levantamento.
Segundo a análise, 28,3 dos estudantes do Brasil afirmaram
que têm acesso a computadores com internet nas escolas. A porcentagem perde
apenas para a República Dominicana, com 28,18. A média de conexão dos países
da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), é de
55,9.
Ao fazer o Pisa, os estudantes respondem a perguntas sobre a
existência e o uso de computadores nas escolas, além do acesso à internet.
Quando perguntados se a escola tem computadores, 20,19 dos alunos responderam
que a escola possui o equipamento, mas ele não utiliza. Outros 28,69 disseram
que usam o computador e 26,48 responderam que a escola não tem o equipamento.
Outro dado apontado pela pesquisa é que os estudantes
utilizam a internet mais fora do que dentro da escola. No Brasil, 37,65
dos estudantes dizem que não usam a internet na escola. No entanto, o
questionário mostra que, fora de casa, 6,6 dos alunos não acessam a rede
mundial de computadores durante a semana, e a maior parte (25,89) acessa a
internet mais de 6 horas por dia. Quando analisada a conexão sem fio, a
porcentagem de estudantes brasileiros que afirmam usá-la na escola chega a
29,21, mas o país aparece no ranking com a quinta menor porcentagem entre os
países analisados.
[Pela internet, é possível acessar informações, notícias,
serviços. Alunos que não têm acesso a esse tipo de infraestrutura não
estão sendo educados a usá-la de forma cidadã], diz o coordenador de
Políticas Educacionais da Fundação Lemann, Lucas Rocha.
Pisa
O Pisa avalia estudantes em relação a conteúdos de
matemática, português e ciências. É aplicado a estudantes de 15 anos de idade
dos 35 países-membros da OCDE e 35 nações parceiras da organização, como o
Brasil. Em 2015 foi aplicado a 540 mil estudantes que, por amostragem,
representam os 29 milhões de estudantes. No Brasil, de acordo com o Instituto
Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep),
participaram 23.141 estudantes de 841 escolas.
Política de educação conectada
Em novembro, o governo lançou a Política de Inovação
Educação Conectada, com o objetivo de universalizar o acesso à internet de alta
velocidade nas escolas, a formação de professores para práticas pedagógicas
mediadas pelas novas tecnologias e o uso de conteúdos educacionais digitais em
sala.
Segundo o Ministério da Educação (MEC), mais de 50 dos
municípios brasileiros já aderiram à política. A meta é que, até o fim de 2018,
22,4 mil escolas, urbanas e rurais, recebam conexão de alta velocidade. O
processo será concluído em todas as demais escolas públicas até 2024.
Durante a fase de indução da ação, até o fim de 2018, o MEC
deve investir R$ 271 milhões, especialmente em ações para melhoria da infraestrutura
e conexão das escolas, o que inclui a ampliação da rede terrestre de banda
larga, serviços de conectividade, infraestrutura de wi-fi, compra de
dispositivos e aquisição de um satélite que vai levar internet a escolas da
zona rural. (ABr)
Foto: EBC