O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF),
acatou um pedido da defesa de Gustavo Pedreira de Couto Ferraz e revogou a
prisão domiciliar do aliado do ex-ministro Geddel Vieira Lima. Ferraz foi preso
em 8 de setembro após a Polícia Federal encontrar vestígios de suas digitais em
algumas notas dos R$ 51 milhões apreendidos em um apartamento de Salvador
durante a operação Tesouro Perdido. Ele estava em prisão domiciliar desde o mês
de outubro.
A reportagem apurou que mesmo com a decisão de Fachin,
expedida na sexta-feira, 2, Ferraz ainda permanece em casa com sua tornozeleira
porque nenhum dos órgãos notificados pelo ministro cumpriram o alvará de
soltura. O documento foi encaminhado ao diretor-geral da Polícia Federal
Fernando Segovia e ao secretário de Administração Penitenciária da Bahia Nestor
Duarte Guimarães Neto.
Os advogados Pedro Machado de Almeida Castro e Octávio
Orzari, que representam Ferraz, tentam desde outubro do ano passado revogar a
prisão do ex-chefe da Defesa Civil da Bahia. O principal argumento dos
defensores era de que Ferraz colaborou com a investigação.
Em pedido encaminhado a Fachin na última quinta-feira, 1, os
advogados afirmaram que [a longa duração de sua prisão também passa a ser um
argumento (que ganha força a cada dia que se passa) para a concessão da
liberdade, considerando que já está preso há mais de 4 meses, sendo que, jamais
demonstrou qualquer risco à sociedade ou ao processo].
Confissão
Ferraz confessou à PF que buscou malas de dinheiro em um
hotel, em São Paulo, para o ex-ministro, em 2012, no âmbito das eleições
municipais. Ele diz nunca ter ido ao bunker dos R$ 51 milhões em Salvador, mas
alegou que a viagem à capital paulista pode explicar o fato de suas digitais
terem sido encontradas nas cédulas.
Em depoimento, Ferraz disse acreditar que [suas digitais
foram identificadas no material encontrado durante a busca, uma vez que no ano
de 2012, a pedido de Geddel Vieira Lima, transportou de São Paulo/SP para
Salvador/BA dinheiro de contribuição para campanhas do PMDB da Bahia].
Ele ainda afirmou que Geddel [disse à época que o dinheiro
seria utilizado nas campanhas dos prefeitos e vereadores do PMDB no Estado da
Bahia].
Ferraz contou à PF que foi informado pelo ex-ministro de que
[a entrega do dinheiro seria intermediada por uma outra pessoa] com quem ele
deveria se encontrar em um hotel.
Ele alega que foi até o hotel indicado e se encontrou com a
pessoa – não identificada em seu depoimento – e que, com ela, foi até um
escritório [sem identificação externa] aonde aguardou em uma sala de reuniões
até pegar, junto a outro interposto, uma mala de dinheiro de [tamanho pequeno,
compatível com as permitidas no interior de aviões].(AE)
FOTO: CARLOS MOURA-STF