A Controladoria-Geral do Município (CGM) do Rio de
Janeiro realizará uma auditoria especial a partir dessa segunda-feira, 28, para
verificar todos os contratos assinados pelo deputado federal Rodrigo Bethlem
(PMDB) enquanto exerceu funções políticas no governo do prefeito Eduardo Paes
(PMDB). Bethlem é suspeito de corrupção e desvio de dinheiro em contratos com a
ONG Casa Espírita Tesloo, enquanto era secretário de Assistência Social, entre
2011 e 2012.
O prefeito disse que ficou ?estarrecido, chocado e
surpreso? com ?as notícias assombrosas? e garantiu que a ?aproximação (pessoal)
com o prefeito não isenta ninguém de investigação?. ?Que essa atitude sirva de
sinal claro para quem trabalha na Prefeitura e para a sociedade, que não há
relação política, pessoal ou de parentesco que me faça ser conivente com
qualquer tipo de corrupção. (O suspeito) terá que responder por seus atos, que
acarretem prejuízos para os cofres públicos?, afirmou.
Paes ressaltou que em quase seis anos ?não há qualquer
escândalo que tenha envolvido? o seu governo?. A Tesloo foi contratada em
agosto de 2011, por R$ 9,68 milhões para administrar o cadastro único de
programas sociais da prefeitura ? que inclui o Bolsa Família e o Bolsa Família
Carioca. Em 2012, uma auditoria da CGM já havia constatado irregularidades
neste contrato, que foi suspenso no mesmo ano. Todos os recursos apurados como
irregulares foram devolvidos, segundo o prefeito.
?Não houve indícios, na época, de que havia qualquer
benefício pessoal ao deputado Rodrigo Bethlem?. O prefeito, no entanto, afirmou
que ainda não há informações suficientes para garantir que o banco de dados foi
concluído e para explicar porque o último pagamento à ONG foi feito em abril de
2014. Paes também não comentou as duas ações judiciais movidas pela prefeitura
contra a Tesloo, que era administrada pelo major da reserva Sérgio Pereira de
Magalhães Júnior, suspeito de integrar uma milícia.
O prefeito disse que ?as imagens e falas são muito
contundentes? em relação aos ?malfeitos e irregularidades desse caso?.
?Não vou passar a mão na cabeça de ninguém que age de
maneira desonesta e irregular na Prefeitura. Quem pratica corrupção no meu
governo, no que depender de mim, vai para a cadeia?. Ele completou afirmando
que a Prefeitura vai tomar todas as atitudes necessárias para reaver o dinheiro
desviado. ?Iremos até as últimas consequências?.
O material que incrimina o deputado foi gravado em
novembro de 2011 por Vanessa Felippe, ex-mulher de Bethlem e filha do
presidente da Câmara dos Vereadores, Jorge Felippe. O prefeito disse que ainda
não foi procurado por nenhum dos dois.
Bethlem também trabalhou no governo de César Maia (DEM),
que tenta uma vaga no Senado. No governo Paes, o deputado federal se licenciou
da Câmara para assumir os cargos de secretário de Assistência Social, de Ordem
Pública e de Governo até abril deste ano, quando se afastou para tentar a
reeleição. (Thaise Constancio/Agência Estado)