MPF pede pena de sete anos de prisão para Geddel Vieira

O Ministério Público Federal (MPF) pediu hoje (9) que a
Justiça Federal condene o ex-ministro Geddel Vieira Lima a sete anos de prisão
pelo crime de embaraço às investigações das operações da Polícia Federal (PF)
Cui Bono e Sépsis, que apuram desvios na Caixa Econômica Federal (CEF). Em
alegações finais, última fase da ação penal na qual Geddel é réu, os
procuradores responsáveis pelo caso afirmam que o ex-ministro tentou evitar a
delação premiada do empresário Lúcio Funaro, operador financeiro do suposto
esquema de corrupção.

No entendimento do MPF, Geddel atuou para constranger
Funaro, telefonando por diversas vezes para a esposa dele, Raquel Pitta, quando
o operador já estava preso, com objetivo de convencê-lo a não se tornar um
delator.

[Dessa forma, era incutida em Lúcio Funaro a apreensão e o
temor por represálias, para que não colaborasse espontaneamente com as
investigações, causando, portanto, embaraço a investigação de crimes praticados
por organização criminosa no âmbito da CEF], argumentam os procuradores.

Em depoimento prestado nessa semana ao juiz Vallisney
de Oliveira, da 10ª Vara Federal de Brasília, onde corre o processo, Geddel
voltou a negar que tenha tentado amedrontar Funaro. Segundo ele, seus
telefonemas eram para manifestar solidariedade à família do operador financeiro
detido, para que não se sentissem isolados.

[Falei algumas vezes com a senhora [Raquel]. Posso dizer que
esses telefonemas amigáveis devem ter lhe feito bem], comentou o ex-ministro,
comparando a situação de Raquel Pitta à de sua própria família após ele próprio
ter sido preso. [Amigos de longa data me lançaram ao degredo, ao Vale dos
Leprosos], queixou-se Geddel, que não respondeu às perguntas feitas pelos
procuradores, por orientação da defesa.

Após as alegações finais da defesa do ex-ministro, o
processo estará pronto para a sentença do magistrado.

Geddel está preso desde o dia 8 de setembro do ano passado
em função de outra investigação, a que trata da origem de R$ 51 milhões
encontrados no apartamento de um amigo do político, em Salvador.

Segundo a Polícia Federal, parte do dinheiro seria
resultante de um esquema de fraude na liberação de créditos da Caixa Econômica
Federal no período entre 2011 e 2013, quando Geddel era vice-presidente de
Pessoa Jurídica da instituição. (Com informações da Agência Brasil)

Foto: Valter Campanato