Sem passar pelas
ruas e praças de Boa Vista, onde vivem cerca de 40 mil venezuelanos em extrema
pobreza – que já equivalem a 10 da população do Estado -, o
presidente Michel Temer prometeu nesta segunda-feira, 12,
em visita à capital de Roraima solucionar em 11
meses questão dos refugiados do país vizinho que chegaram ao Estado
fugindo da crise econômica e política na Venezuela.
Temer disse que o
Brasil não vai fechar fronteiras com a Venezuela e afirmou que agora que veio
pessoalmente ao Estado é possível ter uma visão mais real do problema da
imigração, que, segundo ele, vai chegar aos estados restantes do país. Entre as
medidas mais urgentes, o presidente prometeu dobrar número de militares na
fronteira e instalar um hospital de campanha para atender as necessidades dos
refugiados.
[Os venezuelanos vão
criar problemas para outros estados brasileiros se não tomarmos providências.
Este é o aspecto principal. Precisamos preservar as fronteiras e os empregos
dos brasileiros, mas não podemos deixar de receber os refugiados que vem para cá
em situação de miserabilidade absoluta].
O presidente
garantiu que vai liberar os recursos necessários para organizar e conter o
avanço da migração. [Essa força tarefa vai atuar de forma imediata. Os
ministros de governo estão avisados. Vamos liberar o dinheiro necessário para
resolver o problema].
Durante a reunião,
que ocorre a portas fechadas, um protesto reúne cerca de 300 pessoas
contra a privatização da Eletrobras e a falta de políticas do governo
federal para Roraima, que sofre com apagões constantes por não estar ligado ao
Sistema Energetico Nacional, e contra a imigração desordenada de
venezuelanos.
Antes do
encontro, Suely Campos pediu em discurso que o governo federal tome
medidas a favor de Roraima no contexto da crise dos refugiados. Segundo ela, o
crime organizado está se aproveitando da vulnerabilidade dos venezuelanos para
trazer drogas e armas ao Estado. [Existe a conexão com o crime organizado
comandado por venezuelanos, entrando na esfera da segurança nacional],
afirmou.
Suely entregou um
documento com 11 medidas que pretendem minimizar o impacto causado pelo alto
número de imigrantes venezuelanos que chegaram a Roraima nos últimos meses.
Entre as propostas
estão o aumento de efetivo da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária
Federal (PRF), além da atuação do Exército brasileiro no policiamento ostensivo
em Pacaraima, cidade que faz fronteira com a Venezuela.
Além disso, foram
propostas ações mais rigorosas de controle de entrada de pessoas pela fronteira
e a doação de veículos e equipamentos para aprimorar o trabalho das forças de
segurança de Roraima.
O Brasil é o segundo
principal destino da diáspora venezuelana, provocada pelo agravamento da
escassez de remédio e alimentos no país, afetado por uma hiperinflação que
neste ano deve chegar a 13.000.
Travas
A Colômbia, que
comparte com a Venezuela uma fronteira de 2.200 quilômetros, já
recebeu 500 mil venezuelanos desde o agravamento da crise, a partir de 2014.
Autoridades
colombianas, que esperam que esse número dobre ainda esse ano, anunciaram nesta
semana novas regras para a entrada de venezuelanos no país. Segundo o
presidente Juan Manuel Santos, 2,1 mil militares serão enviados para patrulhar
a fronteira e combater a imigração ilegal e o contrabando.
Além disso, o
governo colombiano não expedirá novos cartões de imigração para venezuelanos. O
documento foi criado para facilitar o trânsito de pessoas que vivem na
fronteira e muitos venezuelanos contam com ele para vender bens em moeda forte
do lado colombiano para fugir da inflação. (Diário do Poder)
Foto: Beto Barata