O Palácio do Planalto ficou furioso com a nota do banco
Santander enviada a clientes, afirmando que, se Dilma Rousseff subir nas
pesquisas de intenção de voto, a economia irá piorar. O clima ficou tão ruim
que, mesmo após pedido de desculpas do presidente mundial do banco, Emílio
Botín, o vice-presidente da República Michel Temer cancelou participação que
faria no encontro mundial de reitores no Riocentro, na próxima semana,
patrocinado pelo Santander, como informou o colunista do GLOBO Jorge Bastos
Moreno.
O Palácio do Planalto, porém, não pretende se manifestar
oficialmente sobre o texto. A campanha da petista cuidará da reação ao banco,
mas, de momento, também não se manifesta sobre o assunto. Neste sábado, o
presidente do PT, Rui Falcão, afirmou que aceitaria as desculpas do banco, mas
que isso não apaga o episódio. Falcão disse que o que o Santander fez é
“proibido”. Petistas afirmam que o fato de o banco ter se antecipado
e feito a retratação esfriou uma possível reação jurídica contra a instituição.
Na Espanha, sede do Santander, o episódio gerou
mal-estar no banco, que tem no Brasil um quinto do lucro do grupo. Segundo o
jornal “El Pais”, a vinda de Botín ao Brasil para o encontro mundial
de reitores também estaria ameaçada.
O jornal ressalta que “desde que a presidente Dilma
Rousseff assumiu o poder, em 2011, o presidente do Santander esteve pelo menos
quatro vezes no país, sempre recebido pela presidente no Palácio do Planalto.
Nos encontros, Botín fazia questão de tornar públicas suas mensagens de
otimismo com o país”.
Após a euforia da cúpula do Santander com a compra do
Banespa, porém, segundo o “El Pais”, o banco “tem sentido as
dores de uma economia mais difícil”, e que, no ano passado houve “uma
queda de quase 10 do lucro, em relação a 2012”.
O cenário de insatisfação com os resultados já fora
manifestado por Francisco Luzón, ex-vice-presidente do Santander para a América
Latina, durante evento promovido pelo “El País” no mês passado, em
Porto Alegre, quando afirmou que “atualmente há investimento de menos,
incertezas demais e crescimento baixo”. (Agência O Globo)