Lava Jato continua sendo prioridade, diz ministro Raul Jungmann

O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, afirmou
nesta quarta (28) que, mesmo com a transferência da Polícia Federal para a
pasta recém-criada, a prioridade da instituição continuará a ser o combate à
corrupção e a Operação Lava Jato. Em entrevista para apresentar seu plano no
novo cargo, Jungmann disse que pretende destinar mais 20 delegados à área de
combate à corrupção.

[A Lava Jato terá todo nosso apoio. E, no âmbito da Polícia
Federal, a operação continuará sendo prioridade. E é importante que assim seja
pela importância dela em termos de resultado], afirmou o ministro.

Na PF, havia o temor de que a saída da instituição do
Ministério da Justiça poderia também resultar numa mudança de foco, o que foi
negado por Jungmann. [A orientação dada ao novo diretor-geral da PF é combater
o crime e a corrupção], afirmou o ministro em relação a Rogério Galloro,
anunciado na terça (27) como substituto de Fernando Segovia no comando da
corporação. Na quarta, o novo diretor-geral definiu sua equipe.

As declarações de Jungmann também tiveram como objetivo
afastar desconfianças sobre influência política na PF surgidas na gestão de
Segovia. A atuação do agora ex-diretor criou embaraços ao governo, como no
episódio em que adiantou um possível arquivamento do inquérito que investiga o
presidente Michel Temer e a edição do chamado Decreto dos Portos.

A avaliação no Planalto era de que, ao desacreditar
investigações que envolvem o presidente, Segovia acabou por criar um ?efeito
bumerangue?, aumentando o desgaste de Temer.

Ao falar sobre a mudança na PF, Jungmann disse que não faria
julgamento sobre a gestão do ex-diretor e classificou a escolha de Galloro como
resultado de sua relação pessoal com ele. [Conheço Galloro há bastante tempo.
Foi companheiro quando fizemos eventos internacionais, na Olimpíada passamos
quase 60 dias juntos.]

[Ajustamento]

Em entrevista à rádio Jovem Pan, Temer também falou nesta
quarta sobre a troca na PF e disse que a escolha de Galloro para a direção do
órgão foi [meramente profissional]. Segundo ele, não houve qualquer motivação
política na troca, que foi [ajustada] pelo ministro da Segurança Pública.

[Não houve exatamente uma dispensa, houve um ajustamento, de
modo que o Segovia vai acabar indo para Roma (mais informações nesta página).
Foi uma coisa ajustada pelo novo ministro, que deve ter realmente a sua equipe],
disse Temer, confirmando que deu aval para a saída do delegado. [Ele fez um trabalho
muito correto e adequado.]

Segundo Jungmann, o governo já autorizou a abertura de
concursos para reforçar os quadros da PF e vai destinar mais 20 delegados para
a área de corrupção. [Sobre a necessidade e urgência de reforçar recursos
humanos, especialmente na Polícia Federal e na Polícia Rodoviária Federal,
estamos autorizados a fazer concursos, com 500 novos agentes para a Polícia
Federal e 500 novos agentes na Polícia Rodoviária Federal], disse. [São ações
emergenciais e que serão sequenciadas continuamente], afirmou. Segundo ele,
metas nacionais serão definidas nos próximos meses.

Delegados ouvidos pela reportagem disseram acreditar que a
defasagem no número de policiais na corporação deve impedir que o combate à
corrupção tenha a mesma prioridade que outras áreas, como o policiamento de
fronteiras, também anunciado pelo novo ministro da Segurança Pública como um
dos focos do trabalho.

[O combate à corrupção e à criminalidade não são
excludentes. São prioridades, ambos são essenciais para a garantia e a
manutenção da ordem], afirmou Jungmann.

Roma

Demitido na terça do cargo de diretor-geral da Polícia
Federal, Fernando Segovia atuará como adido especial na Itália. A nomeação será
publicada nesta quarta no Diário Oficial da União. O destino de Segovia segue o
que ocorreu com Paulo Lacerda, que dirigiu a PF no governo de Luiz Inácio Lula
da Silva e teve passagem pela direção da Agência Brasileira de Inteligência
(Abin). Ele exerceu a função em Portugal.

O adido é responsável por fazer a interlocução da PF com
suas similares e demais autoridades policiais dos países. Ele é acionado quando
algum brasileiro se envolve em crime no país ou quando é precisar estabelecer
algum tipo de cooperação entre a PF e o país estrangeiro. (AE)

(FOTO: BETO
BARATA/PR)

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