PGR denuncia deputado Arthur Lira por aceitar propina de R$ 106 mil

A Procuradoria-Geral da República (PGR) apresentou ao
Supremo Tribunal Federal (STF), nesta segunda-feira (2), denúncia de lavagem de
dinheiro e prevaricação contra o deputado federal Arthur Lira (PP-AL), que
lidera o Partido Progressista na Câmara dos Deputados e o bloco de 244
deputados de 11 partidos que compõem a base de apoio ao presidente Michel
Temer. No documento, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge, requer
ainda a decretação da perda do mandato do parlamentar.

De acordo com a denúncia, em 10 de fevereiro de 2012 Arthur
Lira aceitou a propina de R$ 106 mil ofertada pelo então presidente da
Companhia Brasileira de Transportes Urbanos (CBTU), Francisco Colombo, e
enviou, para recebimento da quantia no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, o seu
assessor parlamentar Jaymerson José Gomes. A PGR afirma que a quantia foi
entregue em dinheiro vivo.

A denúncia afirma que, momentos depois, com o intuito de
ocultar a natureza e a origem ilícita do valor, Arthur Lira determinou que seu
subordinado, antes de embarcar para Brasília, escondesse as notas pelo corpo,
sob suas vestes, nos bolsos do paletó, junto à cintura e dentro das meias. A
PGR afirma ainda que o parlamentar orientou que o funcionário dissimulasse a
real propriedade do dinheiro, em caso de ser descoberto. Ao tentar passar pelo
aparelho de raio x, o assessor foi abordado por agentes aeroportuários e detido
pela Polícia Federal.

A PGR requer que o
parlamentar ressarça os danos materiais causados, no valor do
montante recebido, e indenize a União em R$ 106,4 mil,
uma vez que as condutas ferem a ordem econômica, a administração da Justiça, o
patrimônio moral da coletividade e a confiança coletiva nas
instituições públicas.

ESQUEMA COM DOLEIRO

A procuradora-geral da
República esclarece que o crime cometido pelo parlamentar está
inserido no contexto da Operação Lava Jato, mais precisamente no esquema
criminoso revelado pelo doleiro Alberto Youssef, operador financeiro pelo
Partido Progressista. Em outra denúncia apresentada pela PGR, em setembro
do ano passado, o colaborador Youssef revelou que o deputado Arthur
Lira, juntamente com o seu pai e senador Benedito de Lira, exercia influência
nas sucessivas gestões da CBTU, inclusive na de Colombo.

?Francisco Colombo, para se manter na presidência da CBTU,
oferecia e pagava vantagens indevidas a Arthur Cesar Pereira de Lira para que
este, na condição de deputado federal, líder do PP na Câmara dos Deputados, com
a prerrogativa de fazer indicações para cargos em comissão, mantivesse-o
naquele cargo como nomeação política da agremiação?, afirmou Dodge. 

Ao Diário do Poder, o deputado Arthur Lira disse
que não teve acesso à denúncia e se posicionará sobre seu teor assim que tiver
conhecimento sobre as acusações.

Em dezembro de 2017, o STF arquivou outra denúncia contra o
senador Benedito de Lira e o deputado Arthur Lira, que passaram quase três anos
se defendendo da acusação de corrupção e lavagem de dinheiro em processo
decorrente da Operação Lava Jato. O ex-procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, havia acusado a dupla, em 2015, de receber propina de R$ 2,6 milhões em
2010 e 2011 de um esquema de corrupção na Diretoria de Abastecimento da
Petrobras, delatado pelo empreiteiro da UTC, Ricardo Ribeiro Pessoa. A maioria
da Segunda Turma do STF rejeitou a denúncia e inocentou os congressistas
alagoanos. (Diário do Poder)

Foto: Assessoria

 

Mais notícias sobre