Decisões da justiça não têm feito [a lei valer para todos], diz PGR

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, afirmou, em
palestra para alunos das universidades de Harvard e MIT, nos Estados Unidos, no
sábado, 7, que a Justiça brasileira [não é para todos].

[Ela costuma atingir muito rapidamente para os que não podem
pagar por advogados, em geral pessoas pobres, presas em flagrante e que ficam
encarceiradas por longos anos. Todavia, a Justiça atinge, quando atinge, muito
lentamente os que têm recursos financeiros para manter um processo aberto e
interpor sucessivos recursos, que impedem uma condenação definitiva, ou
(impedem) a pena de ser cumprida], avaliou.

Sem citar o ex-presidente Lula durante a palestra, Dodge
afirmou que [os mais ricos não têm sido responsabilizados criminalmente pelos
crimes de corrupção, e os mais pobres continuam à margem da proteção da lei
quando se trata de direitos fundamentais].

Segundo a procuradora-geral, [prendemos muito, mas prendemos
mal]. [A maioria são jovens presos por furtos, por tráfico de pequenas
quantidades de droga. No entanto, autores de crimes de colarinho branco, os que
furtam elevada quantidade de recursos públicos, ou estão soltos, muitos sequer
foram investigados e punidos.]

[Os donos dos negócios de tráfico de armas, drogas e munição
também não estão presos], prosseguiu.

Para a procuradora-geral, a impunidade de poderosos –
empresários e políticos – contribui para a desigualdade social no país, já que
verbas desviadas de serviços públicos não chegam até a população. Os
brasileiros teriam demorado a acordar para essa situação, segundo Dodge.

[As pessoas apropriavam-se de bens públicos, utilizavam helicópteros
públicos para fins privados, permitiam construção de obras públicas em obras
privadas, uso de servidores públicos para prestar serviços privados, permitiam
e toleravam a corrupção de verbas públicas], afirmou.

[Isso (vinha) impedindo a prestação de serviços para a
população. Saúde, educação, transportes contam há muitos anos com orçamento
público elevado, mas nunca tivemos atitudes incisivas para cobrar que fossem
efetivamente utilizados].

Para Dodge, no entanto, [a (operação) Lava Jato, o (julgamento
do) mensalão e algumas poucas novidades têm mudado esse quadro].

Ao comentar o crescente empenho da sociedade em cobrar
punição a corruptos, Dodge citou uma frase do ícone americano de direitos civis
Martin Luther King, cuja morte acaba de completar 50 anos. [Quando os fatos se
reúnem aos sentimentos, quando o que acontece na realidade é compartilhado pela
percepção das pessoas, surge a urgência do agora.] (Com informações da BBC
Brasil
).

Foto: Antonio Agusto – Secom PGR

 

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