Pouco depois que Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
negou o registro da candidatura de Lula – condenado e preso na Lava Jato -, o
PT usou o primeiro programa eleitoral na TV das eleições 2018 para fazer
críticas ao Judiciário e insistir na postulação do ex-presidente.
No palanque eletrônico do partido, Lula dividiu o
protagonismo com o candidato a vice na chapa, Fernando Haddad, sem que ficasse
indicado claramente quem é o presidenciável petista.
A propaganda da sigla foi aberta com uma mensagem que classificava
a decisão do TSE como [mais um duro golpe] contra [a vontade do povo]. [A
coligação [O Povo Feliz de Novo] vai entrar com todos os recursos pelo direito
de Lula de ser candidato.]
Em uma declaração exibida no programa, o ex-presidente
também atacou, sem especificar casos, as decisões judiciais. [Sei como vou
passar pela história. Não sei como eles vão passar. Se eles vão passar como
juízes ou algozes.]
Em sessão extraordinária que durou mais de dez horas e
terminou nesta madrugada, segundo o Estadão, o TSE barrou o registro da
candidatura de Lula e deu um prazo de dez dias para a troca da cabeça de chapa.
A Corte, porém, autorizou a veiculação do programa
presidencial do PT no horário eleitoral, desde que o ex-presidente não apareça
como candidato.
Por 5 a 2, os ministros haviam determinado que o partido não
veiculasse a propaganda eleitoral até a troca do presidenciável, mas, ao fim da
sessão, a Corte Eleitoral, em reunião fechada, reviu a decisão e liberou o
horário eleitoral da legenda.
No programa do rádio, veiculado a partir das 7h de ontem,
Lula foi apresentado como presidenciável porque a decisão do TSE ocorreu num
prazo inferior ao mínimo de seis horas de antecedência para a veiculação.
Lula foi condenado no ano passado pelo juiz federal Sérgio
Moro por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no processo do triplex do
Guarujá (SP). A sentença foi confirmada, em janeiro deste ano, pelo Tribunal
Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), que ampliou a pena para 12 anos e 1 mês
de prisão. Ele foi preso em abril e, em agosto, o PT registrou a
candidatura do ex-presidente no TSE.
Com boa parte das imagens gravadas na frente da sede da
Polícia Federal em Curitiba, Haddad disse no programa que fazia [um juramento
de lealdade a Lula].
De acordo com o Estadão, o PT ainda avalia como encaminhar
as questões jurídica e eleitoral. Duas reuniões da coordenação da campanha
estão marcada para amanhã.
Um conselho político será formado para analisar os próximos
passos. Ontem, a executiva do partido mandou recolher todos os materiais
publicitários que mostravam o ex-presidente Lula – cerca de 1,5 milhão de
folhetos foram impressos. Os programas de TV também começaram a ser adaptados.
[Como não há comunicação com ele no fim de semana, não há
expediente da PF, temos que conversar com ele na segunda-feira de
manhã e vamos levar o quadro jurídico do que é possível fazer],
disse hoje Haddad em Garanhuns (PE), terra natal de Lula.
Na estreia do horário eleitoral, candidatos adotaram
estratégias distintas. Líder nas pesquisas de intenção de voto sem a presença
de Lula, candidato do PSL, Jair Bolsonaro – com poucos segundos disponíveis –
disse apenas estar [rumo à vitória] e defendeu [a família e a Pátria].
Com o maior tempo de exposição – 5,32 minutos – a coligação
formada pelos partidos PTB, PP, PR, DEM, SD, PPS, PRB, PSD e PSDB, que tem como
candidato o ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin, fez críticas a
Bolsonaro.
O horário eleitoral foi iniciado por Marina
Silva (Rede) que, também com tempo de exposição exíguo, exaltou as
mulheres. [Juntas somos fortes. Essa luta é nossa], afirmou. Ciro
Gomes (PDT) falou em mudança e Henrique Meirelles (MDB) se apresentou
citando e mostrando uma imagem de Lula.(bahia.ba)
Foto: Ricardo Stuckert/divulgação/PT