PT sem Lula e sem o vermelho

O partido desconstrói sua imagem histórica

Tenho recebido pela mídia social material ? enviado por
simpatizantes ou prestadores de serviços do Partido dos Trabalhadores, no qual
se busca associar a imagem do falecido presidente venezuelano Hugo Chávez ao
candidato Jair Bolsonaro, como se o fato de ambos terem pertencido às Forças
Armadas os tornassem parte de alguma malévola irmandade.

Depois que deixaram de contar com a colaboração do João
Santana – e  sem ter a Odebrecht para dar uma ajudazinha financeira-, a
comunicação do PT parece desorientada. Seus novos marqueteiros  talvez não
se tenham dado cona de que estão fazendo um dano enorme ao partido com as
modificações que fizeram na campanha do candidato Haddad, para o segundo turno.
Estão simplesmente desconstruindo a marca consolidada do PT, desprezando suas
imagens e símbolos históricos.

O exemplo mais cabal dessa desconstrução foi o banimento do
vermelho, a cor de nascença do PT, nas peças de propaganda eleitoral de segundo
turno. Foi substituído pelo verde-e-amarelo, as cores nacionais que o
eleitorado há já muito associou à candidatura de Bolsonaro que, a meu ver, é
quem se beneficia com a mudança.

O vermelho  é cor da paixão, e sempre foi sempre a cor
do aguerridos. Nas guerras navais da Idade Média, a fita rubra presa ao mastro
(o [beaucan[) significava a guerra até o final, até a morte do último inimigo.
No século 19 foi a cor preferida dos anarquistas, que a abandonaram depois que
partidos comunistas dela se apropriaram, depois da revolução russa de Outubro
de 1917. O PT a abandona agora, pela razão muito mais modesta de ter tirado o
segundo lugar no primeiro turno das eleições de 2018.

Outra mudança que provocou impacto foi a supressão pura e
simples de Lula das fotos de campanha de segundo turno de Haddad e de sua
companheira de chapa Manuela d?Ávila (Partido Comunista do Brasil). Não posso
acreditar que o PT esteja assim tão envergonhado de seu líder máximo, do grande
angariador de votos para o partido, a ponto de tratá-lo como se fosse uma mera
Dilma Rousseff, uma reconhecida perdedora de votos e junto a quem nenhum petista
gosta de tirar fotos.

Sair do vermelho e suprimir Lula das fotos são iniciativas
que em nada vão ajudar Haddad, pois simplesmente a imagem de que trata-se o
candidato de ente subordinado ao ex-presidente já se consolidou, como resultado
de decisão explícita do próprio partido. Simplesmente não há tempo para se
construir a imagem de um Haddad, o Autômo ou um Super-Haddad. Lula já está
preso, cumprindo sua pena, e não precisava ter recebido esse tabefe de seus
próprios parceiros.

Igualmente, ao considerarem negativa a imagem do pai de
neobolivarianismo ? razão pela qual buscaram compará-lo de alguma maneira ao
adversário Bolsonaro -, os marqueteiros petistas solapam os princípios e a
história do próprio partido e, mais uma vez, agridem Lula. Afinal ele e Chávez
não só eram grande amigos, como foram líderes conjuntos do grande movimento
reformador, de natureza populista,  que por um tempo chegou a sonhar em
transformar a América do Sul numa grande Cuba

Ao demonizar a imagem de Chávez, o PT dá ao adversário um
argumento válido de crítica para usar nos debates: foi então o  líder
boliviariano, cujo regime Lula entupiu de dinheiro e prestígio, uma figura
abominável, negativa e ditatorial (Chávez, no anúncio em questão, é apresentado
de uniforme militar)? Se assim o reconhece o PT, por que tanto cuidou de
paparicar o venezuelano?

Todas essas mudanças não têm passado despercebidas ao
eleitorado, que muitas vezes duvida de se tratar de propaganda do partido,
acreditando tratar-se de [fake News]. Infelizmente para o PT, isso tudo é verdadeiro, tais
trapalhadas mais parecem resultado de afobação, alguma incompetência e pitadas
de desespero. (PEDRO LUIZ RODRIGUES ? Diario do Poder).

Foto: Diário do Poder

 

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