A bancada evangélica deve aumentar o seu protagonismo no
novo Congresso. A expectativa dos parlamentares evangélicos é que, com a
eventual eleição do candidato à presidência da República Jair Bolsonaro (PSL),
a influência do grupo no Parlamento seja maior. Assim como os ruralistas e os membros
da chamada bancada da bala, os religiosos declararam apoio à candidatura do
ex-capitão do Exército.
A representação conta hoje com 84 parlamentares atuantes,
mas já identifica cerca de 91 deputados e senadores ligados a igrejas
evangélicas eleitos no último dia 7. Esse número, porém, ainda pode aumentar
com a identificação dos novos congressistas.
Apesar do crescimento numérico discreto, o grupo dá como
certo que terá mais força no próximo Congresso, cujo perfil é considerado mais
conservador. Segundo o deputado Sóstenes Cavalcante (DEM-RJ), em vez de atuar
para barrar projetos contrários aos seus interesses, como ocorreu nos últimos
anos, a bancada espera agora fazer avançar sua própria pauta.
[Agora, ao invés de segurar a
pauta da esquerda, nós vamos é pautar nossos assuntos. A esquerda que trate de
obstruir para segurar os nossos projetos. O jogo se inverteu], afirmou o
deputado, um dos parlamentares mais próximos do líder da Assembleia de Deus
Silas Malafaia. O deputado comemora o crescimento dos partidos de direita no
Congresso, puxado sobretudo pela candidatura de Bolsonaro.
[Esse é um exemplo da varrida que a gente fez na esquerda. Falam
que o Rio de Janeiro é terra de esquerda, mas nós tiramos tudo e colocamos dois
evangélicos], disse o deputado, em referência aos dois senadores eleitos pelo
estado: Flávio Bolsonaro (PSL) e Arolde de Oliveira (PSD). A única deputada do
PT eleita pelo estado, Benedita da Silva, também é evangélica.
Conservadora nos costumes, a bancada evangélica é contra a
legalização do aborto, a descriminalização das drogas, o casamento homoafetivo
e a criminalização da homofobia. Em linha oposta, defende o endurecimento da
legislação antidrogas, o Estatuto da Família, que restringe o conceito de
família à união de homem e mulher, e o projeto Escola Sem Partido, que prega o
[fim da doutrinação de esquerda] e da [ideologia de gênero] nas salas de aula.
Frente da família
Os evangélicos também contam com apoio de outros grupos conservadores
eleitos para a próxima legislatura. Só o PSL, partido de Bolsonaro, fez a
segunda maior representação da Câmara, com 52 deputados, e elegeu 4 senadores.
A expectativa dos deputados é que a rede de simpatizantes da [bancada da
família] possa chegar a 180 parlamentares, com católicos e grupos da
direita não liberal nos costumes.
[O interesse maior da Frente Parlamentar Evangélica é a
preservação da família monogâmica formada pelo homem e mulher], disse o
deputado Lincoln Portela (PRB-MG). Pastor e um dos líderes do grupo, Lincoln
afirma que todas as proposições que possam afetar o conceito de família nas
áreas de saúde, educação e segurança pública serão tratadas com prioridade pela
frente parlamentar.
Deputados que fazem parte da frente admitem que vai ser difícil
inicialmente dialogar com todos os grupos da nova bancada, que engloba nomes
que nunca foram eleitos e não têm experiência na política. Metade da bancada
será novata no Congresso. [A qualidade do debate na Câmara vai cair muito],
disse um deputado da bancada que pediu para não ser identificado. [Vamos ter
uma oposição cerrada, vamos ter uma direita extremada e um grupo novo que está
vindo com uma posição de Ministério Público. Vai ser um Congresso difícil de
funcionar], completou o parlamentar.
A
bancada faz parte da Frente Parlamentar Evangélica do Congresso Nacional.
Oficialmente, a frente conta com a assinatura de 199 deputados e 4 senadores,
mas nem todos são evangélicos. Para serem formadas, as frentes parlamentares
precisam da assinatura de, pelo menos, um terço dos membros do Congresso. Dessa
forma, integram a frente praticantes de outra religiões, como a Católica.
Assembleia de Deus e
Universal
A renovação no Congresso, que foi a maior das últimas duas
décadas, não poupou os evangélicos. O atual presidente da frente, o pastor
Takayama (PSC-PR), não conseguiu se reeleger no Paraná. Um nome cotado para
assumir seu lugar é João Campos (PRB-GO), que já coordenou o grupo. No Senado,
a maior perda foi Magno Malta (PR-ES), cotado para ser vice de Bolsonaro e que
não conseguir se reeleger. Em seu lugar, o Espírito Santo elegeu Fabiano Contarato (Rede),
o primeiro homossexual assumido a ocupar uma cadeira de senador.
A igreja que mais elegeu parlamentares foi a Assembleia de Deus
(32), da qual fazem parte João Campos (PRB-GO), Lauriete (PR-ES) e Felipe
Francischini (SD-PR), filho do deputado Delegado Francischini (PSL-PR),
coordenador da campanha de Bolsonaro e eleito este ano para uma vaga na
Assembleia do Paraná.
Em segundo lugar, aparece a Igreja Universal do Reino de Deus,
que elegeu 19 nomes, entre eles o deputado Julio Cesar (PRB-DF) e Fausto Pinato
(PP-SP). A Igreja Batista, de Joice Hasselmann (PSL-SP), Lincoln Portela,
Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) – os dois últimos,
filhos do presidenciável – emplacou 12 parlamentares.
Candidato à presidência da República, Cabo Daciolo (Patriota) também ficará de
fora da nova bancada evangélica. Daciolo tornou-se um dos personagens mais
falados durante a campanha eleitoral por levar a Bíblia aos debates, fazer
jejum no morro e finalizar as frases com [Glória a Deus] e [em nome do Senhor
Jesus Cristo].
Veja a lista dos parlamentares ligados as igrejas evangélicas
|
A |
B |
C |
D |
E |
1 |
PB
|
Agnaldo Ribeiro |
PP
|
Batista |
Reeleito |
2 |
AC
|
Alan Rick |
DEM
|
Batista |
Reeleito |
3 |
BA
|
Alex Santana |
PDT
|
Assembleia de Deus |
Eleito |
4 |
RJ
|
Alexandre Serfiotis |
PSD
|
Fazei Discipulos |
Reeleito |
5 |
AP
|
Aline Gurgel |
PRB
|
Universal do Reino de Deus |
Eleito |
6 |
RJ
|
Altineu Cortes |
PR
|
Assembleia de Deus |
Reeleito |
7 |
AP
|
André Abdon |
PP
|
Assembleia de Deus |
Reeleito |
8 |
PE
|
André Ferreira |
PSC
|
Assembleia de Deus |
Eleito |
9 |
RJ
|
Arolde de Oliveira |
PSD
|
Batista |
SENADOR |
10 |
PR
|
Aroldo Martins |
PRB
|
Universal do Reino de Deus |
Eleito |
11 |
RJ
|
Aureo |
SD
|
Metodista |
Reeleito |
12 |
RJ
|
Benedita da Silva |
PT
|
Presbiteriana |
Reeleito |
13 |
RJ
|
Benedito Alves |
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