Possível bate-chapa na Alba pode fragilizar articulação política de Rui Costa

A movimentação do vice-governador João Leão e do seu
partido, o PP, para a eleição da presidência da Assembleia Legislativa da Bahia
(AL-BA) pode entregar de bandeja à oposição na Casa o poder de barganha, com a
possibilidade do fortalecimento dos partidos que fazem oposição ao governo
petista para as eleições municipais de 2020 e, consequentemente, as estaduais,
em 2022. 

O lançamento da candidatura de Nelson Leal (PP) e a costura
de apoios de partidos como o PCdoB, PDT e PRP, durante a ausência do governador
Rui Costa (PT) gerou insatisfação na base, com a iminência de racha interno. O
PP afirma que deu início ao processo com o aval de Rui. Outros criticam o
comportamento intitulado por alguns parlamentares de [Pôncio Pilatos] do
governador, gerando um desgaste interno.

Considerada a [menina dos olhos], a Assembleia Legislativa
da Bahia (Alba) tem um orçamento de quase R$ 500 milhões por ano.  
Para a eleição, a conta é simples: os oposicionistas à gestão petista
asseguraram 17 cadeiras para a próxima legislatura – 18 deputados, se Hilton
Coelho (Psol) decidir fazer oposição ao PT. A base de Rui crava 45, a maior já
registrada em todos os tempos. 

O PP, com Leal, já soma 17 deputados. Na insatisfação
gerada, PT, PSD ? as duas maiores bancadas – mais o PSB, do ex-presidente
Marcelo Nilo, cogitaram fundir uma candidatura. Somados, as três legendas têm
asseguradas 23 assentos na Alba. Em um possível bate-chapa, para chegar
aos 32 votos necessários para vencer a eleição, a Minoria, que garante votar em
bloco, se tornará o [Rei da Barganha], favorecendo, principalmente, nomes para
a disputa em 2020. 

É o caso do vice-prefeito Bruno Reis (DEM). Possível candidato a sucessão do
prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), Reis comanda, através de suas indicações
quando era deputado estadual, a Fundação Paulo Jackson, administradora da TV
Alba, que leva uma boa fatia dos R$ 520 milhões dos repasses feitos pelo
Executivo. 

Além disso, dentre os quatros partidos que já se colocam com
candidatos a presidência, o PP é o que mais se aproxima do prefeito ACM Neto,
principal líder da oposição na Bahia. Em tempos recentes, o PP chegou a
conversar com Neto através do filho de Leão, deputado Cacá Leão que tem bom
trânsito com o prefeito de Salvador. 

Independência 
O Legislativo baiano, assim como todos os outros, em tese, é um Poder
independente. Mas, a escolha do candidato à presidência Casa, como é de
conhecimento de todos, há [dedo] do governador. E isso, não é de agora. Desde
os tempos de Antônio Carlos Magalhães, só sentava na cadeira quem o então líder
carlista escolhia.

O governador, no entanto, reeleito com 5 milhões de votos
(75 por cento), a maior votação da história já registrada na política baiana,
expõe uma fragilidade política com a briga interna em seu grupo, principalmente
em um momento onde o Partido dos Trabalhadores, enfraquecido nacionalmente após
a derrota para Jair Bolsonaro, respira ventos baianos.

Rui Costa chegou de viagem e já teve um tête-à-tête com os
deputados. Nas duas reuniões que ocorreram hoje o petista pediu unidade na
base.  A ordem é acalmar os ânimos e baixar o tom. 

Com informações da editora Juliana Nobre*