O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) determinou
nesta quarta-feira (28), por maioria de votos, a redução da pena imposta ao
ex-ministro Antonio
Palocci pela Operação
Lava Jato. Em junho do ano passado, ele foi condenado
a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro, e agora
terá que cumprir 9 anos e 10 meses de reclusão, em regime domiciliar e com
monitoramento eletrônico. Cabe recurso contra a decisão.
Na mesma sessão de julgamentos, o TRF-4 negou recursos da
defesa e manteve a condenação de oito anos e dez meses de prisão (leia mais
abaixo) também imposta pela Lava Jato ao ex-ministro José Dirceu ?
somadas todas as sentenças já aplicadas ao petista, já são 31
anos de prisão a cumprir.
Ex-homem forte do governo Lula (2003-2010), Palocci fez um
polêmico acordo de delação premiada, de imediato rejeitado
pelo Ministério Público, e está preso desde 2016 na Superintendência da
Polícia Federal em Curitiba (PR). O ex-ministro é acusado de envolvimento
em esquema de propinas pagas pela Odebrecht em troca favorecimento em contratos
e demais benefícios junto à Petrobras.
A defesa de Palocci afirmou que vai aguardar a publicação do
acórdão do julgamento para então decidir se impetrará recurso, mas já
manifestação satisfação com a sentença. Advogado de Palocci, Tracy
Reinaldet irá a Curitiba para formular a decisão de soltura, com medidas
restritivas de liberdade, à Polícia Federal para que o ex-ministro possa ser
solto ainda nesta quarta-feira (28).
A delação premiada do ex-ministro foi determinante para a
decisão dos desembargadores, que se amparam na legislação pertinente para
beneficiar o condenado. O entendimento, contudo, não alcançou a unanimidade,
uma vez que o desembargador Victor Luiz dos Santos Laus discordou dos pares em
relação a algumas questões jurídicas. O julgamento teve início em 24 de
outubro, mas um pedido de vista havia adiado a conclusão da decisão.
Caso Dirceu
Condenado pela Lava Jato em setembro pelos crimes de
corrupção passiva e lavagem de dinheiro, Dirceu já havia conseguido reduzir no
TRF-4 a pena da primeira instância, a princípio fixada em 11 anos e três meses
de cadeia. Mas, insatisfeita com o dosimetria da pena, a defesa recorreu
para tentar anular ou ao menos recalcular a punição.
No julgamento desta quarta-feira (28), o relator do
processo, desembargador João Pedro Gebran Neto, rejeitou os recursos e a 8ª
Turma do TRF-4 seguiu tal entendimento, optando por manter a condenação em oito
anos de prisão.
A exemplo de Palocci, Dirceu era uma das figuras de proa do
lulismo. Um dos fundadores do PT, foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil em
2003, primeiro ano do governo Lula. Foi um dos protagonistas do escândalo do
mensalão (Ação Penal 470), que explodiu contra a gestão Lula em 2005 e depois
viria a paralisar o Supremo Tribunal Federal (STF) por meses a partir de 2012,
quando o caso foi a julgamento.
Com o mandato de deputado federal cassado na Câmara, Dirceu
foi condenado a 7 anos e 11 meses de prisão por envolvimento no mensalão. Ele
foi duas vezes preso nos últimos meses, mas foi posto em liberdade em junho,
por decisão
do STF que resguardou o direito à soltura diante da pendência de
análise de recursos em tribunais superiores. Poucos dias antes de ir preso pela
última vez, o ex-ministro falou ao Congresso em Foco com
exclusividade. (Fábio Góis-Congresso em Foco).
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