Bancadas do PT e do Psol não irão à  posse de Bolsonaro

O PT e o Psol comunicaram, no fim da manhã desta sexta-feira
(28), que não comparecerão à posse do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL),
na próxima terça-feira, dia 1º de janeiro. Os líderes dos partidos afirmam
respeitar a eleição de Bolsonaro como resultado legítimo, mas que boicote à
posse é ato de resistência e de protesto.

[Mantemos o compromisso histórico com o voto popular, mas
isso não nos impede de denunciar que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi
descaracterizada pelo golpe do impeachment, pela proibição ilegal da
candidatura do ex-presidente Lula e pela manipulação criminosa das redes
sociais para difundir mentiras contra o candidato Fernando Haddad], diz a nota
do partido (leia a íntegra mais abaixo), assinada pelos líderes do partido na
Câmara e no Senado, Paulo Pimenta (RS) e Lindbergh Farias (RJ),
respectivamente, e pela presidente da sigla, a senadora Gleisi Hoffman (PR),
que assumirá uma cadeira na Câmara a partir do ano que vem.

O PT terá 56 deputados em 2019, a maior bancada eleita para
a Câmara a partir do ano que vem. No Senado, quatro petistas conseguiram se
eleger.

Pouco após a nota do PT, Juliano
Medeiros, presidente do Psol, também afirmou que representantes de seu partido
não comparecerão à posse de Bolsonaro. ?Como prestigiar alguém que despreza os
direitos humanos, promete colocar o Brasil de joelhos diante dos EUA e destruir
os direitos sociais? Não vamos à posse?, disse em sua conta no Twitter. (Isabella Macedo-Congresso em Foco)

PT NÃO PARTICIPARÁ DA POSSE
DE BOLSONARO NO CONGRESSO NACIONAL

O
Partido dos Trabalhadores nasceu na luta da sociedade brasileira pelo
restabelecimento da democracia, em 1980. Em quase quatro décadas de existência,
o PT sempre reconheceu a legitimidade das instituições democráticas e atuou
dentro dos marcos do Estado de Direito; combinando esta atuação com nossa
presença nas ruas e nos movimentos sociais, aprofundando a participação da
sociedade na democracia.

Participamos
das eleições presidenciais no pressuposto de que o resultado das urnas deve ser
respeitado, como sempre fizemos desde 1989, vencendo ou não. Mantemos o
compromisso histórico com o voto popular, mas isso não nos impede de denunciar
que a lisura do processo eleitoral de 2018 foi descaracterizada pelo golpe do
impeachment, pela proibição ilegal da candidatura do ex-presidente Lula e pela
manipulação criminosa das redes sociais para difundir mentiras contra o
candidato Fernando Haddad.

O
devido respeito à Constituição também torna obrigatórios a denúncia e o
protesto contra as ameaças do futuro governo de destruir por completo a ordem
democrática e o Estado de Direito no Brasil. Da mesma forma denunciamos o
aprofundamento das políticas entreguistas e ultraliberais do atual governo, o
desmonte das políticas sociais e a revogação já anunciada de históricos direitos
trabalhistas.

O
resultado das urnas é fato consumado, mas não representa aval a um governo
autoritário, antipopular e antipatriótico, marcado por abertas posições
racistas e misóginas, declaradamente vinculado a um programa de retrocessos
civilizatórios.

O
ódio do presidente eleito contra o PT, os movimentos populares e o
ex-presidente Lula é expressão de um projeto que, tomando de assalto as
instituições, pretende impor um Estado policial e rasgar as conquistas
históricas do povo brasileiro.

Não
compactuamos com discursos e ações que estimulam o ódio, a intolerância e a
discriminação. E não aceitamos que tais práticas sejam naturalizadas como
instrumento da disputa política. Por tudo isso, as bancadas do PT não estarão
presentes à cerimônia de posse do novo presidente no Congresso Nacional.

Seguiremos
lutando, no Parlamento e em todos os espaços, para aperfeiçoar o sistema
democrático e resistir aos setores que usam o aparato do Estado para
criminalizar adversários políticos.

Fomos
construídos na resistência à ditadura militar, por isso reafirmamos nosso
compromisso de luta em defesa dos direitos sociais, da soberania nacional e das
liberdades democráticas.

Brasília,
28 de dezembro de 2018

Deputado
Paulo Pimenta, líder do PT na Câmara;

Senador
Lindbergh Farias, líder do PT no Senado;

Senadora
Gleisi Hoffmann, presidenta nacional do PT