Em guerra aberta com chefe da Lava Jato, Renan dispara contra Dallagnol: [Um ser possuído]

O senador Renan Calheiros (MDB-AL) atacou nesta terça-feira
(15) o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da
Operação Lava em Curitiba. [Deltan Dallagnol continua a proferir palavras
débeis, vazia, a julgar sem isenção e com interesse político, como um ser
possuído], escreveu o pré-candidato à presidência do Senado.

Desafeto de Renan, o ex-procurador-geral da República
Rodrigo Janot ironizou a postagem do emedebista, alvo de 13 investigações no
Supremo, a maior parte delas relacionada à própria Lava Jato. [Só rindo mesmo e
alto! Piadista essa pessoa], reagiu Janot ao comentário.

O ataque de Renan é uma resposta a uma publicação feita por
Dallagnol na semana passada. Na ocasião, ele afirmou que a decisão do
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli, de manter a votação
secreta na eleição do Senado prejudica a pauta anticorrupção ao favorecer
Renan.

[Decisão de Toffoli favorece Renan, o que dificulta a
aprovação de leis contra a corrupção, pois a presidência do Senado decide pauta
(o quê e quando será votado). Diferentemente de juízes em tribunais, senadores
são eleitos e têm dever de prestar contas. Sociedade tem direito de saber],
postou o coordenador da Lava Jato na última quinta-feira (10).

Desde então, o procurador tem promovido campanha em favor de
um abaixo-assinado virtual que pede a abertura da votação no Congresso. Quase
700 mil pessoas já assinaram o pedido
. [É um grito da sociedade pelo
direito de acompanhar a posição de seus representantes nessa escolha que pode
ser tão importante quanto a eleição de um Presidente da República], comparou o
procurador.

Em um vídeo, Dallagnol convoca os eleitores a aderirem ao
manifesto. Segundo ele, a disputa no Congresso é quase tão importante quanto a
eleição para presidente da República. Sem citar o nome de Rodrigo Maia
(DEM-RJ), que concorre à reeleição na Câmara, ele alerta que investigados na
Lava Jato podem presidir as duas casas legislativas. Maia também responde a
inquéritos da megaoperação.

[Pode ser eleito um senador ou um deputado que está sendo
investigado por corrupção e lavagem de dinheiro. Eles podem barrar projetos
contra a corrupção. O ex-juiz e ministro Sérgio Moro vai encaminhar ao Congresso
projetos contra a corrupção, a impunidade e o crime organizado], observou.

Na gravação Dallagnol voltou a reclamar da decisão de
Toffoli. Segundo ele, o voto secreto contraria a Constituição ao impedir que o
eleitor tenha conhecimento das posições de seus representantes e possa
fiscalizá-los.

Outros procuradores também têm se manifestado contra Renan e
o sigilo na votação da Câmara e do Senado, como Roberson Pozzobon, também
integrante da força-tarefa da Lava Jato. O procurador do Tribunal de Contas de
Santa Catarina Diogo Ringenberg é outro crítico a Renan e Maia citado várias vezes
por Dallagnol, assim como o procurador do Ministério Público junto ao Tribunal
de Contas da União Júlio Marcelo.

Dallagnol retuitou uma reportagem do Congresso em Foco que
mostra que Renan usou a gráfica do Senado para publicar um livro com quase 500
páginas dirigido aos senadores e deputados em que defende sua biografia. O
emedebista nega que a publicação tenha como objetivo fazer propaganda
eleitoral. (Congresso em Foco).

Foto: Geraldo Magella/Ag. Senado