CCJ discute Previdência; presidente do colegiado tenta acordo para votar

Após uma grande derrota para o governo ontem, a Comissão de
Constituição e Justiça (CCJ) retomou nesta terça-feira (16) os trabalhos para
dar início, enfim, à discussão
da proposta de emenda à Constituição (PEC) da reforma da Previdência
.
Essa é a fase anterior à votação do texto. A oposição faz obstrução para tentar
protelar o debate.

Até a noite de segunda (15), 120 deputados estavam inscritos
pra falar. Considerando-se os tempos médios de falas acordados entre titulares,
suplentes, não-titulares e líderes partidários, além daqueles que falam mais e
menos, e também alguns que podem abrir mão de seus discursos, a estimativa é de
que os debates se estendam por 30 horas. Esse tempo deverá ser dividido em três
sessões, o que empurra a votação para a próxima semana. O presidente do
colegiado, Felipe Francischini (PSL-PR), queria votar o texto nesta
quarta-feira (17).

No início da tarde, ele mudou de estratégia e começou a
conversar com os parlamentares para convencê-los a abrir mão de seus discursos
afim de reduzir o tempo da sessão e votar
a proposta ainda hoje ou na madrugada de quarta (17)
.

A sessão de ontem foi marcada por quase 4h de debate torno
da inversão da pauta da CCJ. O Centrão – bloco formado por PP, PR, PRB, DEM e
Solidariedade -, apoiado pela oposição, insistiu em votar primeiro a PEC do
orçamento impositivo. A tese acabou vencendo e a proposta foi avalizada em
votação simbólica pouco antes das 22h, após mais de 6h de reunião.

Houve, antes do início da sessão, uma tentativa de acordo
com as lideranças da base de Jair Bolsonaro. O líder do governo, Major Vitor
Hugo (PSL-GO), contudo, afirmou que, apesar de já saber que sairia derrotado,
não poderia se entregar, já no início da semana “sem um embate”.

Na reunião, ficou clara a desarticulação da base. Enquanto a
oposição tomava conta da sessão e o governo não conseguia reunir seus partidos
aliados, o próprio PSL se atacava entre si, como mostrou o Congresso em
Foco
. (Débora Alves – CF).

Foto: Pablo Valadares/Ag. Câmara