Dias Toffoli afirma que não houve censura à revista e que instituições precisam ter defesa

O presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Dias
Toffoli, comentou nesta quinta-feira a decisão que retirou
do ar reportagem da revista digital Crusoé
, que afirmava que
ele havia sido citado pelo empreiteiro Marcelo Odebrecht no âmbito da Operação
Lava Jato. “Não se trata de censura, censura que é proibida pela Constituição é
a censura prévia, e corretamente proibida, definida como tirar do ar aquilo que
ainda não foi publicado, a Constituição é clara, o que ela veda é a censura
prévia, e o abuso na liberdade de expressão pode gerar danos e também pode
gerar o direito de tirar do ar aquele conteúdo que é algo que vilipendia alguma
pessoa”, argumentou o presidente do STF, durante entrevista à Rádio
Bandeirantes
 nesta quinta-feira.

Toffoli também afirmou que a Suprema Corte tem discutido que
não se pode “deixar o ódio entrar em nossa sociedade”. Para ele, a intenção da
reportagem atacar o STF enquanto instituição. “Ao querer agir dessa forma,
querem atingir a instituição e então temos de ter defesa”, disse Toffoli.

A polêmica teve início na manhã de segunda-feira, quando a
revista informou ter sido intimada pelo ministro Alexandre de Moraes para
retirar do ar a reportagem, publicada na sexta. Moraes é o relator de inquérito
aberto pelo próprio presidente do STF, Dias Toffoli, no mesmo dia em que a
reportagem foi publicada. Segundo a Crusoé, Moraes determinou a
suspensão imediata da matéria e mandou a Polícia Federal (PF) acionar os
responsáveis pelo material a prestar esclarecimentos no prazo de 72 horas.

O problema se estende quando a procuradora geral da
República, Raquel Dodge, arquivou
o inquérito
no dia seguinte e fez críticas ao STF. Segundo Dodge, o Supremo
contrariou a Constituição ao determinar medidas no âmbito do inquérito sem
consultar a Procuradoria. Alexandre de Moraes, no entanto, manteve o inquérito
em andamento. (Samanta do Carmo – Congresso em Foco).

Foto: José Cruz / Agência Brasil