Parlamentares questionam “Médicos pelo Brasil”; governo defende o programa

Em audiência pública na comissão
mista que analisa a MP do programa Médicos pelo Brasil (MP 890/19),
nesta terça-feira (27), parlamentares demonstraram preocupação com a execução
do novo formato de assistência à saúde. A principal preocupação é que os
profissionais não permaneçam no programa ou obtenham vínculos de trabalho
paralelos que prejudiquem a jornada. Senadores e deputados ouviram
representantes do Ministério da Saúde e de Conselhos de Saúde, além do Conselho
Federal de Medicina.

Entre as metas do Médicos pelo
Brasil está melhorar a assistência médica em locais de difícil acesso ou
localidades em situação de vulnerabilidade. O deputado Eduardo Costa (PTB-PA) concorda
que a MP vai aprimorar o programa anterior, o Mais Médicos, mas demonstrou
preocupação com o mecanismo de funcionamento do programa e do atendimento à
população.

?Eu acredito que vai haver uma
desvirtuação do projeto, porque sabemos que o médico vai poder ter outros
vínculos e que pode atender o número de fichas conforme o acordo com o
prefeito: vai atender aquele número de fichas, vai embora, e o posto [de saúde]
vai continuar sem atendimento?, afirmou.

A senadora Zenaide Maia (Pros-RN)
criticou o plano de carreira previsto no texto, que não garantiria estabilidade
para os profissionais. “Pelo que eu vi no projeto, sobre criar carreira médica
e estabilidade: que estabilidade? A CLT não tem estabilidade, o trabalhador
intermitente você pode contratar por seis horas hoje, quatro horas amanhã”,
afirmou.

Indígenas
Para secretária de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Silvia Nobre Waiãpi,
o Médicos pelo Brasil vai estimular a ida de profissionais de saúde para
localidades como aldeias e, com isso, permitir investimento em outros projetos.
Ela entende que a saúde indígena será beneficiada com esse plano e ainda trará
economia.

?Dinheiro que nós gastávamos na
contratação de médicos através de convênios, sem qualquer segurança, podemos
agora investir em outras ações de saúde dentro da aldeia, porque elas já serão
beneficiadas com o programa Médicos pelo Brasil?, afirmou.

Sobre a MP 890
A medida tem como objetivo suprir a demanda de médicos no País, além de
formar especialistas em medicina de família e comunidade.  Ao todo, serão
oferecidas no programa 18 mil vagas, sendo 13 mil em municípios de difícil
acesso. 55% das oportunidades serão em localidades do Norte e Nordeste, em
áreas mais pobres. O edital com as primeiras vagas deve ser publicado em
outubro.

O programa será aberto a médicos
brasileiros e estrangeiros formados fora do Brasil, desde que façam o exame que
permite um diploma obtido no exterior ser reconhecido no País, o Revalida. Quem
entrar para o novo programa vai substituir gradativamente quem está hoje no
Mais Médicos e será contratado pelas regras da Consolidação das Leis do
Trabalho (CLT – Decreto-Lei 5.452/43).
Para concorrer, o candidato deverá ter registro válido um Conselho Regional de
Medicina (CRM) (Agência Senado).

Foto: Roque de Sá/Agência
Senado