Wagner é citado em esquema que abasteceu políticos do Nordeste

O senador pela Bahia Jaques Wagner (PT) é suspeito de ter
recebido propina da empreiteira OAS. Ele está supostamente envolvido no esquema
de lavagem de dinheiro do empresário João Carlos Lyra, alvo de operação da
Polícia Federal deflagrada nesta quinta (19), que funcionava como uma central
de abastecimento de propina para políticos nordestinos, de acordo com
investigações da PF e Procuradoria-Geral da República (PGR). As informações
foram publicadas pela revista Época.

Nessa operação, o principal alvo foi o senador Fernando
Bezerra Coelho (MDB-PE), líder do governo Bolsonaro no Senado, e seu filho, o
deputado Fernando Bezerra Coelho Filho (DEM-PE). Ainda são suspeitos o ministro
do Tribunal de Contas da União (TCU) Vital do Rêgo e o ex-governador de Pernambuco
Eduardo Campos, morto em 2014 em um acidente de avião.

Procurada pela revista, a assessoria de Jaques Wagner
afirmou que não teve acesso ao conteúdo da delação. ?A defesa do senador Jaques
Wagner não teve acesso a esse conteúdo ou a qualquer citação e condena o
expediente de vazamentos seletivos de supostas delações baseadas apenas na
palavra de réus confessos, não em provas?, diz a assessoria.

O esquema:

As investigações chegaram a João Carlos Lyra por causa do
avião de Eduardo Campos. Deflagrada em 2016, a Operação Turbulência descobriu
que o empresário era o dono do avião usado pelo ex-governador de Pernambuco e
que Lyra recebia recursos vultosos de empreiteiras investigadas na Lava-Jato.
Com isso, o empresário buscou as autoridades para fechar um acordo de delação e
confessou que suas empresas lavavam dinheiro para que essas empreiteiras
repassem propina a políticos.

Nessa delação, João Lyra revelou pela primeira vez como
captou recursos ilícitos para Eduardo Campos, suspeita que se iniciou na Operação
Turbulência. Investigações posteriores chegaram a pistas de repasses a Jaques
Wagner e Vital do Rêgo. Um ex-executivo do setor de contabilidade paralela da
OAS, Adriano Santana Quadros de Andrade, relatou em seu termo de delação
premiada nº 9 o ?repasse de R$ 1 milhão a Jaques Wagner no ano de 2013, com
recursos disponibilizados pela empresa Câmara & Vasconcelos, intermediado
por Carlos Daltro (aliado de Wagner)?. O anexo foi enviado pelo Supremo
Tribunal Federal para apuração na Justiça Federal da Bahia. (Bahia Econômica).

Foto: Divulgação/Bahia Econômica