A Procuradoria-Geral da República (PGR) divulgou neste
sábado (28) uma nota repudiando as atitudes do ex-procurador-geral Rodrigo
Janot e as afirmações do Ministro do Supremo Tribunal Federal (Gilmar Mendes).
Segundo a nota, o atual procurador Augusto Aras diz que as atitudes de Janot não
devem prejudicar a imagem do Ministério Público e seus membros.
Na nota, o atual PGR destaca que “O Ministério Público
Federal” é uma instituição que está acima dos eventuais desvios praticados por
qualquer um de seus ex-integrantes. O procurador-geral da República, Augusto
Aras, considera inaceitáveis as atitudes divulgadas no noticiário a respeito de
um de seus antecessores. E afirma confiar no conjunto de seus colegas, homens e
mulheres dotados de qualificação técnica e denodo no exercício de sua atividade
funcional. Os erros de um único ex-procurador não têm o condão de macular o MP
e seus membros. O Ministério Público continuará a cumprir com rigor o seu dever
constitucional de guardião da ordem jurídica.”
O ex-PGR Rodrigo Janot afirmou em um livro autobiográfico
que em uma ocasião foi armado com um revólver ao STF com a intenção de matar um
ministro. O episódio é contado por Janot no livro de memórias que lança nesta
semana, porém na obra ele não especificou qual ministro esteve prestes de
assassinar. Na última quinta-feira (26), entretanto, Janot revelou a veículos
de comunicação que seu alvo era Gilmar Mendes. O fato teria ocorrido 2017.
Na sexta-feira (27), o ministro Gilmar Mendes disse que o
ex-procurador é “um potencial facínora” e questionou a forma como é feita a
escolha do ocupante do cargo.
“Não imaginava que nós tivéssemos um potencial facínora
comandando a Procuradoria-Geral da República”, disse Mendes na saída de um
seminário no Tribunal Superior Eleitoral. Mendes aproveitou para criticar o modo
de escolha do procurador-geral, pois no modelo atual, segundo sua avaliação,
passou-se a escolher pessoas sem qualificação jurídica, moral e psicológica
para o cargo.
“Acho que o sistema político terá que descobrir novos
critérios e terá que debater isto. Inclusive talvez abrir para a nomeação entre
todos os juristas do Brasil. Mas, em suma, o modelo deu errado”, disse Gilmar
Mendes.
Apreensão
A Polícia Federal (PF) realizou na tarde de ontem (27) uma
ação de busca e apreensão na casa e no escritório do ex-procurador-geral. As
buscas foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal
Federal (STF).
Na decisão na qual determinou as buscas, Moraes também
suspendeu o porte de arma de Janot, proibiu o ex-procurador de se aproximar de
integrantes da Corte, de entrar nas dependências do tribunal, além da apreensão
da arma citada nas entrevistas. (bahia.ba).
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil