Aécio Neves promete oposição |incansável e intransigente|

Em seu primeiro discurso após a derrota nas eleições
presidenciais de outubro, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) prometeu, nesta
quarta-feira (5), fazer oposição ?incansável e intransigente? ao governo da
presidente reeleita Dilma Rousseff (PT). O senador afirmou acreditar que, ao
fazer isso, respeita a vontade de todos os eleitores ? não apenas dos seus.

? Ainda que por uma pequena margem, o desejo da maioria dos
brasileiros foi que nos mantivéssemos na oposição, e é isso que faremos.
Faremos uma oposição incansável, inquebrantável e intransigente na defesa dos
interesses dos brasileiros. Vamos fiscalizar, cobrar, denunciar ? assegurou.

Ao retomar seu mandato, Aécio também frisou que levará
adiante, como parlamentar, a defesa de propostas que seu grupo político
apresentou ao longo da campanha.

? Retorno com convicções ainda mais sólidas. É nosso desejo
contribuir para que o país avance através das reformas que os brasileiros
esperam, como a política e a tributária, transformar o Bolsa-Família e a
segurança pública em políticas de Estado, melhorar a educação básica, recuperar
o investimento em saúde, restaurar a federação. Nosso projeto para o Brasil
continua mais vivo do que nunca.

O senador mineiro falou por 30 minutos para um plenário e
galerias lotados. Além da maioria dos 81 senadores, faziam parte da audiência
os governadores Tarso Genro (PT), do Rio Grande do Sul; Luiz Fernando Pezão
(PMDB), do Rio de Janeiro; e Teotônio Vilela Filho (PSDB) de Alagoas, e os
prefeitos Fernando Haddad (PT), de São Paulo; Eduardo Paes (PMDB), do Rio de
Janeiro; e Arthur Virgílio Neto (PSDB), de Manaus, que aguardavam a votação de
projeto que reduz a cobrança de juros em dívidas de estados e municípios.

Aécio Neves fez críticas ao PT, tanto no âmbito do governo
quanto da campanha eleitoral. Para ele, a disputa pelos votos foi desigual. Ele
mencionou uma frase dita pela presidente Dilma em março de 2013, em que ela
fazia referência à postura a se adotar entre adversários políticos.

– Nossos adversários cumpriram o aviso dado ao país:
?Podemos fazer o diabo quando é a hora da eleição?, e fizeram. Os detentores do
poder usaram despudoradamente o aparato estatal para se perpetuarem no comando.
A má-fé com que travaram a disputa chegou às raias do impensável. Espalharam o
medo entre pessoas humildes, manipularam o sentimento de milhares de famílias ?
observou.

Economia e corrupção

Em relação à administração de Dilma e do PT, Aécio criticou
a política econômica e acusou o governo de ocultar a realidade e não se
preparar para lidar com os problemas.

? O Brasil escondido pelo governo na campanha eleitoral está
se revelando. A presidente insistiu em negar o problema da inflação. Apenas
três dias após as eleições, o Banco Central elevou os juros, e [Dilma] sabia
que iria fazer isso. O governo escondeu o rombo das contas públicas, a
necessidade de ajustes [de tarifas]. Ao adiar essas medidas, a conta aumenta. A
triste realidade é que o governo não se preparou e não tem plano algum que
tenha sido trazido ao conhecimento da sociedade brasileira ? afirmou o senador.

Em relação à proposta de diálogo e união nacional aventada
por Dilma Rousseff em seu primeiro discurso após a divulgação do resultado das
urnas, Aécio colocou-se a favor, desde que tal diálogo venha atrelado a
compromissos do governo. O senador exigiu ainda punições exemplares aos
envolvidos no esquema de corrupção que envolve a Petrobras.

? Qualquer diálogo estará condicionado ao envio de propostas
que atendam aos interesses dos brasileiros. E, principalmente, ao
aprofundamento das investigações e exemplares punições àqueles que
protagonizaram o maior escândalo de corrupção da história deste país, conhecido
como ?Petrolão?. A missão da presidente é unir o país. Para isso, é preciso
falar a verdade e encarar nos olhos todos os brasileiros.

 Assim como em sua manifestação anterior, na última
terça-feira (4), quando esteve no Senado e falou brevemente à imprensa, Aécio
voltou a celebrar o que chamou de ?novo Brasil que surgiu das urnas?. Para ele,
sua candidatura foi além de partidos e coligações.

? Assistimos ao despertar de um país sem medo, crítico,
mobilizado, com voz e convicções, que não aceita mais o discurso e a
propaganda. Os brasileiros descobriram que podem ser protagonistas do seu
destino, e tomaram posse do seu próprio país. Ocuparam as ruas não apenas para
apoiar um nome, mas para defender uma causa. Não se trata mais de contar votos.

O tucano concluiu sua fala retomando a ênfase no peso da
oposição, que ele prefere personificar não apenas nos parlamentares eleitos e
líderes partidários, mas em todos os seus eleitores.

? A oposição não terá a voz de um único líder. Ao olharem
para as oposições no Congresso Nacional, não contabilizem apenas o número de
cadeiras. Enxerguem através de cada gesto, voto, manifestação a voz estridente
de mais de 51 milhões de brasileiros que não aceitam mais ver o Brasil
capturado por um partido e por um projeto de poder ? concluiu.

Na presidência da sessão, o senador Renan Calheiros elogiou
a campanha |marcante, histórica e patriótica|de Aécio Neves.

Agência Senado