As informações fiscais, bancárias e telefônicas do tesoureiro
nacional do PT, João Vaccari Neto, no período entre janeiro de 2005 e maio de
2014, serão transferidas à CPI Mista da Petrobras. A quebra de sigilos foi
aprovada nesta terça-feira (18), em reunião administrativa da comissão, por 12
votos a favor e 11 contra.
A CPI aprovou ainda as convocações dos ex-diretores da
Petrobras, Renato Duque (Serviços), preso na última sexta-feira (14), e Ildo
Sauer (Gás e Energia) e ainda do presidente licenciado da Transpetro, Sérgio
Machado. Além disso, está prevista uma acareação entre os ex-diretores Nestor
Cerveró (Internacional) e Paulo Roberto Costa (Abastecimento), um dos
principais delatores do esquema. Cerveró também será reconvocado a depor na
CPI.
A decisão que mais causou divergência foi a de quebra dos
sigilos do dirigente petista, aprovada com apenas um voto de diferença. O
senador Wellington Dias (PT-PI) argumentou que a medida não passa de mais um
capítulo na disputa partidária, uma vez que Vaccari não foi indiciado na
Operação Lava Jato. Wellington então defendeu a quebra, pela comissão
parlamentar de inquérito, dos sigilos de todos os tesoureiros de partidos
políticos.
– Eu acho que foi uma derrota da política, porque todos os
partidos com assento no Congresso Nacional, exceto o PSOL, tiveram contribuição
oficial de empresas. Há claramente uma posição meramente política, que não é
boa para a democracia – afirmou o senador petista.
O senador Valdir Raupp (PMDB-RO), por sua vez, disse que a
convocação de todos os tesoureiros só servirá para prejudicar ainda mais a
imagem das legendas.
– Qual o papel de um tesoureiro de partidos? Arrecadar
fundos para seu partido. Não é outra coisa. Todos os tesoureiros cumprem esse
papel de angariar fundos legais. A mídia está dizendo que o PMDB tinha um
operador. O PMDB nunca teve operador e nem precisaria disso – declarou Raupp,
referindo-se ao lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, preso
nesta terça-feira e apontado pela imprensa como ligado ao PMDB.
Renato Duque
O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque é um dos
presos na sétima fase da Operação Lava Jato, denominada Juízo Final. Em
depoimento à Polícia Federal e ao Ministério Público, o também ex-diretor da
estatal Paulo Roberto Costa teria relatado irregularidades na Diretoria de
Serviços na gestão de Duque, apontado por ele como “operador” do PT.
O depoimento de Renato Duque à CPI Mista da Petrobras ainda
não tem data. Também não foi marcado o dia do depoimento do ex-diretor Ildo
Sauer.
Sérgio Machado
Sérgio Machado está licenciado da Presidência da Transpetro
desde o começo de novembro. De acordo com o requerimento aprovado, do deputado
Simplício Araújo (SD-MA), documentos em posse da Polícia Federal mostram que
Machado manteve encontros com o ex-diretor Paulo Roberto Costa, que o teria
acusado de participar do esquema.
Além disso, ainda segundo o deputado, Sérgio Machado esteve
à frente da Transpetro por mais de dez anos e assim pode ajudar a esclarecer
grande parte dos fatos em apuração.
Acareação
A CPI Mista da Petrobras aprovou ainda uma acareação entre
os dois ex-diretores da Petrobras Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa. O autor
do requerimento, deputado Enio Bacci (PDT-RS), justificou que, ao ser ouvido
pela Polícia Federal, Costa fez diversas acusações contra Cerveró.
O senador José Pimentel (PT-CE), contrário à iniciativa,
ressaltou que Costa permaneceu calado quando esteve na CPI Mista, em setembro.
– Eu sou daqueles que aprendeu que, para fazer matéria para
a imprensa, não precisamos gastar o dinheiro público transportando pessoas que
foram presas, fizeram delação premiada e têm uma decisão do relator da delação
premiada no Supremo Tribunal Federal dizendo que ele tem o direito
constitucional de ficar calado – declarou Pimentel.
Em resposta, Enio Bacci disse que, como o processo de
delação premiada já foi homologado pelo Supremo Tribunal Federal, há chances de
Paulo Roberto Costa decidir colaborar com a CPI.
– Esse não é o momento de fazer economia. Nós temos que
economizar não é uma passagem de avião, são os bilhões que tiraram dos cofres
públicos. Não venha com discurso de que trazer alguém aqui é gastar dinheiro
público – respondeu Bacci.
Agência Senado