A Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, CRA, do Senado
aprovou nesta 4ª feira, 5, o Projeto de Lei 4107/2019, que estabelece a
Política Nacional de Incentivo à Produção de Cacau de Qualidade.
O PL é de autoria do senador Angelo Coronel (PSD-BA), que
considera prioridade do Congresso Nacional a revitalização da produção de cacau
de qualidade na Bahia.
O cacau de qualidade é aquele em que o produtor possui o
protocolo de colheita no ponto certo e da forma correta de fermentar e secar.
A intenção do senador é recuperar a força que o produto já
teve não apenas para a Bahia, mas também para o Brasil.
Na década de 1970, o país chegou a exportar cerca de um
bilhão de dólares em produtos derivados do cacau, quando a produção chegou a
400 mil toneladas.
Mas a praga conhecida como vassoura de bruxa fez com que a
produção caísse para menos de 100 mil toneladas no início do século 21.
Após esse período difícil, a cultura do cacau na Bahia
recuperou parte do fôlego e produz algo em torno de 120 mil toneladas, seguida
de perto pelo Pará, segundo colocado em números de produção.
“Hoje existem algumas empresas comprando o cacau de
qualidade e pagando muito bem, mas ainda é um nicho de mercado pequeno”, conta
o consultor agrônomo Silvino Kruschewsky Neto, de Ilhéus (BA).
Segundo Silvino, o cacau chega lá fora se realmente for de
qualidade e reconhecido por alguns chocolateiros, e para aumentar essa
participação no mercado externo, estão sendo organizados consórcios na região
para unir produtores.
Com a Política Nacional de Incentivo à Produção de Cacau de
Qualidade, Angelo Coronel acha que o Brasil poderá atender à demanda mundial.
“O mundo quer o aumento de produção para que o cacau chegue
às fábricas de chocolate do mundo”, diz o senador, acrescentando que “com isso
a gente vai agregar mais preço, o agricultor vai receber pelo preço de arroba
um valor bem maior”.
Segundo Coronel, a nova política fará da Comissão Executiva
do Plano da Lavoura Cacaueira, Ceplac, vinculada ao Ministério da Agricultura,
a “timoneira da revitalização do setor”, pois é a assistência técnica da
Central que um dos fatores que permitirão ao produtor colocar no mercado um
produto de qualidade.
“A Ceplac vai ter mais autonomia. Esperamos que após a
sanção, a Ceplac receba mais recursos para contratar pessoal para assistência
técnica às lavouras de cacau da Bahia, para manter seus laboratórios”, diz
Coronel, acreditando que isso trará como consequência natural a perspectiva de
emprego e renda para o produtor.
Gerson Marques, produtor e integrante da Associação de
Produtores de Chocolate do Sul da Bahia, acha que uma nova política para o
cacau de qualidade pode realmente aumentar a produção.
“O que viabiliza hoje economicamente uma fazenda (de cacau)
é produzir cacau de qualidade. Então a produção do cacau de qualidade, a
certificação dele, tendo mercado comprador, tendo mercado pro chocolate
obviamente vão refletir no aumento da produção”
“Se a gente produz o cacau de qualidade, vai faltar cacau
para atender a demanda do setor internacional. Esperamos que esse cacau de
qualidade cresça a lavoura para que a gente atenda a demanda. Se atender a
demanda interna e externa, quem vai ganhar com isso é o produtor, são as
pessoas que vão ter emprego para sustentar suas famílias”, finaliza Angelo
Coronel.
Após a aprovação na CRA, o projeto segue agora para a Câmara
dos Deputados. (Ascom)