O Congresso deve concluir, nesta terça-feira (9), a
votação do projeto que altera a forma de cálculo do superávit primário (PLN
36/2014) . O texto principal foi aprovado na madrugada da última quinta-feira
(4) depois de quase 19 horas de sessão. Ficou faltando, porém a votação de uma
emenda (69), adiada por falta de quórum, já por volta das 5h da manhã.
Apresentada pelo deputado Domingos Sávio (PSDB-MG), a
emenda 69 tenta limitar as despesas correntes discricionárias (as que o governo
pode decidir se realiza ou não) ao que foi executado na mesma categoria no ano
anterior.
O PLN 36 altera a LDO de 2014 (Lei 12.919/2013) para, na
prática, desobrigar o governo de cumprir qualquer meta de superávit neste ano.
O superávit corresponde à economia para pagamento de juros da dívida pública.
O texto atual da LDO estabelece meta de R$ 116 bilhões,
com a possibilidade de abatimento de até R$ 67 bilhões, referentes a
investimentos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e desonerações
tributárias. Como o PLN 36 retira esse limite, o governo poderá abater todo o
investimento do PAC e de desonerações, montante que já passa de R$ 130 bilhões.
Para a oposição, a medida libera o governo de cumprir as
regras da Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), equivalendo a um |cheque em
branco|. Já o governo afirma que a mudança na lei evita cortes em áreas
importantes e que, mesmo com a flexibilização, segue num esforço para fazer |o
maior superávit possível|.
O clima entre governo e oposição esquentou ainda mais
com a edição pela presidente Dilma Rousseff de um decreto que permite a
liberação de R$ 444 milhões para atendimento de emendas parlamentares. O texto,
no entanto, condiciona os recursos à aprovação do PLN 36, o que levou
oposicionistas a classificá-lo como uma chantagem.
Votação
Na semana passada, o presidente do Senado, Renan
Calheiros, afirmou que a votação desta terça deve ser limitada ao destaque da
emenda 69. O líder do PMDB no Senado, Eunício Oliveira (CE), previu que, desta
vez, a sessão do Congresso, com início previsto para as 12h, não deve se
estender por mais de duas horas.
A pauta do Congresso inclui outros 31 projetos, que
abrem créditos suplementares ou especiais para a União (cerca de R$ 2,2
bilhões) e remanejam ou destinam recursos a empresas estatais (cerca de R$ 4,6
bilhões).
Agência Senado