Lobista e 12 executivos do Petrolão são indiciados pela PF

A Polícia Federal indiciou todos os executivos presos
pela Operação Juízo Final, sétima fase da Lava Jato, que desmantelou o cartel
de empreiteiras na Petrobrás. A PF atribui aos indiciados os crimes de corrupção
ativa, lavagem de dinheiro, fraude à licitação, falsidade ideológica e
falsificação de documento. O operador do PMDB Fernando Antônio Falcão Soares, o
Fernando Baiano, também foi indiciado.

Os indiciamentos foram realizados pela delegada Erika Mialik
Marena. Ela destacou, em relatório à Justiça Federal, que na sede da Queiroz
Galvão foi apreendido |grande volume de recibos oficiais de doações para
partidos políticos diversos|.

A delegada ponderou que |em razão da exiguidade do
tempo| não foi possível analisar toda a documentação apreendida nas
empreiteiras investigadas por formação de cartel na estatal petrolífera. Foi
indiciada a cúpula da OAS ? Agenor Franklin Magalhães Medeiros, diretor; José
Aldemário Pinheiro Filho, o Léo Pinheiro, presidente; Mateus Coutinho de Sá
Oliveira, vice presidente do Conselho de Administração; Alexandre Portela
Barbosa, advogado da construtora; e José Ricardo Nogueira Breghirolli.

Em um trecho do relatório sobre os executivos da OAS, a
Polícia Federal informou. |Chama a atenção a quantidade de documentos da
empresa vinculados a contratos celebrados em outros países apreendidos no avião
de José Aldemário Pinheiro Filho, na Bahia.|

Segundo a PF, entre os documentos recolhidos nas buscas
realizadas no dia 14 de novembro, quando foi deflagrada a Juízo Final, |destaca-se
a vasta lista de pessoas que a OAS procurava agradar com presentes e lembranças
de aniversário, notadamente políticos e servidores públicos e da estatal
Petrobrás|. A PF alerta para a existência de contratos da OAS com algumas
consultorias. A suspeita é que tais contratos teriam sido utilizados para
mascarar pagamentos ilícitos.

Também foram indiciados executivos do primeiro escalão
da Galvão Engenharia ? Erton Medeiros Fonseca- e da Queiroz Galvão ? Othon
Zanoide de Moraes Filho e Ildefonso Colares Filho. Da empreiteira Mendes Jr
foram indiciados quatro executivos: Sérgio Cunha Mendes, Angelo Alves Mendes,
Flávio Sá Motta Pinheiro e Rogério Cunha de Oliveira.

A delegada Érika Mialik Marena anotou que os indícios de
que a Mendes Jr estaria utilizando os esquemas de lavagem de dinheiro de
Alberto Youssef surgiram inicialmente da análise do material apreendido no
escritório do doleiro da Lava Jato. Segundo a PF, esses documentos apontaram
para a existência de contratos de fachada entre a empreiteira e a GFD
Investimentos, |em valores substanciais|. A GFD é uma das empresas de fachada
que o doleiro usou para repassar propinas a políticos.

No relatório final do capítulo Mendes Jr, a PF destacou.
|O esquema criminoso vinha sendo bem sucedido em razão de a ele ter aquiescido
uma série de personagens, desde os |meros| courriers até os grandes pagadores
de propinas, cujo objetivo era a obtenção de facilidades nos contratos com a
Petrobrás.|

Segundo a delegada Érika, |para que tudo funcionasse a
contento, e assim funcionou por um bom tempo, muitas ações criminosas tiveram
que ser praticadas|. |Constatamos a abertura de contas bancárias em nome de
interpostas pessoas, o fluxo mascarado de dinheiro, a celebração de contratos
de |papel| para esquentar a saída de dinheiro na contabilidade dos corruptores,
o uso de doleiros para propiciar a disponibilização de valores fora do País aos
corruptos, e a falta de uma concorrência efetiva nos certames da Petrobrás,
visto que a empreiteira a ser contratada já vinha adrede escolhida pelo grupo
criminoso|, afirma a Polícia Federal.

COM A PALAVRA, O CRIMINALISTA MARCELO LEONARDO, DEFENSOR
DA MENDES JR

O criminalista Marcelo Leonardo, constituído pela Mendes
Jr, declarou que |o indiciamento é atividade rotineira da polícia e tem caráter
provisório, pois  está sujeito à
avaliação do Ministério Público Federal e da Justiça Federal|. Marcelo Leonardo
aponta |excessos| nos indiciamentos realizados pela PF. Ele destacou que Flávio
Sá Motta Pinheiro, um dos indiciados, |é um mero tesoureiro que faz pagamentos,
recebe ordens?. Segundo ele, Angelo Alves Mendes ?não trabalha na área
operacional|.

|Indiscutivelmente há um excesso no indiciamento da
Polícia Federal|, avalia o criminalista Marcelo Leonardo. (Ricardo Brandt,
Ricardo Chapola, Fausto Macedo e Julia Affonso/AE).

(Foto: Geraldo Bubniak/ AE)