A pandemia do novo coronavírus (Covid-19) fechou as
portas do comércio em quase todo o mundo. A retomada é incerta, sobretudo
em Salvador, que ainda nem atingiu o pico de maior contágio da
doença, previsto para meados de maio.
Como ainda não há soluções concretas para acabar
com a crise que parou o mundo, entidades têm pedido cautela para os planos
de retomada do comércio. “Não podemos abrir correndo o risco de aumentar os
índices do vírus e ter que voltar a fechar”, disse ao bahia.ba o
presidente do Sindilojas (Sindicato dos Lojistas do Comércio do Estado da
Bahia), Paulo Motta.
Em sua análise, qualquer medida adotada neste momento,
pensando na reabertura do comércio, precisa ser minuciosamente
estudada. “Voltar a funcionar requer uma série de estratégias. O
consumidor se sente seguro de frequentar o comércio de rua e os centros
comerciais? Vamos abrir e ficar sem produção? Sem consumidor, sera só mais
gasto. Com o consumidor indo, como faremos para que o comércio não seja gerador
do vírus para que as atividades continuem funcionando? Como pode ser feito esse
controle da higienização de saúd para que o contágio não volte a crescer e nos
obrigue a fechar novamente?”, questionou.
Motta chamou a atenção ainda para a situação dos
trabalhadores.”Nossos parceiros, em sua maioria, utilizam o transporte coletivo
e mora em regiões populares da cidade, onde a exposição do vírus é muito forte.
Como vão se sentir seguros deixando seu bairro e pegando ônibus para se
deslocarem para o local de trabalho? Vimos o caso recente de Belém, que abriu e
teve que voltar a fechar porque surgiu exposição maior do vírus. Não queremos
que isso aconteça aqui, queremos voltar ao funcionamento normal”, declarou.
O presidente do Sindilojas ponderou, contudo, que a
situação é muito crítica e não sabe por mais quanto tempo o
comércio aguenta fechado sem entrar em colapso. A luz no fim do túnel,
segundo ele, ainda está longe de ser encontrada. “Teremos muitas lojas
fechadas, demissões. Confesso que não consigo ver essa luz para retomar o
comércio. O que ratifico é que essa situação está ficando insustentável de
manter”.
Impostos
Apesar de não conseguir indicar possíveis soluções, Paulo
Motta chama a atenção dos governos federal, estadual e municipal
sobre a cobrança de impostos e diz que o Brasil precisa se
referenciar às medidas adotadas e bem sucedidas em outros países.
“Até agora não houve nenhum tipo de solução sobre os
impostos. Continuam sendo cobrados IPTU, ISS, ICMS, tudo. Não houve busca de
alternativa para as empresas, que quando tudo isso passar estarão exportas a
multas. Os bancos estão fazendo miséria. O juros dobrou. Os financiamentos
estão extorsivos. A forma como vamos superar essa crise vai depender muito de
como os poderes públicos vão encontrar mecanismos para a cadeia produtiva”,
afirmou. Rayllanna Lima ? bahia.ba)
Fotos: Leitor do bahia.ba