As denúncias
feitas pela ex-gerente da Petrobras Venina Velosa da Fonseca, de que houve
vários desvios na estatal e que a direção da companhia foi informada sobre as
irregularidades, atingem o ex-governador da Bahia Jaques Wagner, cotado para
ser ministro no segundo mandato de Dilma Rousseff, e o ex-presidente da
petrolífera José Sérgio Gabrielli. O caso tinha sido revelado pelo jornal Folha
de São Paulo desde em 2009 e, nesta sexta-feira (12), novas informações foram
publicadas pelo jornal ‘Valor Econômico’.
Conforme a
Folha de São Paulo publicou na ocasião, Venina denunciou naquele ano que o
então gerente de Comunicação da área de Abastecimento, Geovane de Morais, havia
autorizado irregularmente gastos milionários sem qualquer comprovação da
efetiva prestação de serviços, com fortes indícios de desvio de recursos.
Baiano de Paramirim, Morais é ligado ao grupo político petista oriundo do
movimento sindical de químicos e petroleiros do Estado, do qual fazem parte
Wagner e Rosemberg Pinto, então assessor especial do presidente de Gabrielli,
que também é da Bahia.
A ex-gerente
também alertou a atual presidente da estatal, Graça Foster, e o atual diretor
de Abastecimento, José Carlos Cosenza, que substituiu o delator Paulo Roberto
Costa, de acordo com mensagens internas da Petrobras a que o ‘Valor’ teve
acesso. Venina prestará depoimento ao MPF (Ministério Público Federal) em
Curitiba, no âmbito na Operação Lava Jato, na próxima semana.
A Petrobras
divulgou nota nesta sexta-feira em que afirma que todas as informações enviadas
pela funcionária foram apuradas. A empresa não confirma se Foster e Cosenza
receberam os e-mails publicados pelo jornal. Os alertas são referentes a
desvios em três áreas da empresa.
Após as
denúncias divulgadas pela Folha, uma auditoria interna realizada na Petrobras
constatou as suspeitas de fraudes e desvio de recursos nos pagamentos
autorizados por Morais. Duas produtoras de vídeo que trabalharam nas campanhas
do ex-governador Jaques Wagner e de duas prefeitas do PT receberam R$ 4 milhões
da Petrobras em 2008, sem licitação, em projetos autorizados por Morais.
Como gerente
de Comunicação da área de Abastecimento, Morais era subordinado ao ex-diretor
de Abastecimento Paulo Roberto Costa, delator e pivô do atual escândalo de
corrupção na Petrobras.
Após a
constatação das irregularidades realizadas por Morais, ele teve sua demissão
por justa causa determinada pela direção da estatal. Logo em seguida, Morais
tirou licença médica. A Petrobras levou mais de cinco anos para demiti-lo de
fato.
Sob a
administração de Morais, estava um orçamento em 2008 de R$ 31 milhões. Sua
demissão foi decidida em 3 de abril de 2009, após a sindicância interna ter
constatado uma série de irregularidades em sua gestão, incluindo |indícios de
pagamentos sem a devida entrega de serviços contratados|. Ou seja, desvio de
dinheiro. Desde então, a direção da Petrobras, incluindo a atual presidente,
Graça Foster, e seu antecessor no cargo, Gabrielli, sabiam dessas suspeitas de
desvio na diretoria comandada por Paulo Roberto Costa. (Folha de São Paulo)|
Jornal da Midia