Propina: Mário Negromonte e Luiz Argôlo recebiam dinheiro em casa, diz revista

O atual conselheiro do Tribunal de Contas dos Muncípios
da Bahia (TCM-BA), Mário Negromonte (PP), foi ministro das Cidades no primeiro
ano do governo Dilma Rousseff e, na época, o então deputado federal recebia
propina no esquema de desvio de dinheiro da Petrobras em seu apartamento
funcional, em Brasília. As denúncias são da revista Veja e também apontam o
deputado federal Luiz Argôlo (SD) como um dos beneficiados no sistema
|delivery| de dinheiro. O serviço era feito pelo entregador oficial do grupo
liderado pelo doleiro Alberto Yousseff, Rafael Ângulo Lopez, que também atendia
governadores e senadores.

Negromonte seria, segundo a publicação, um assíduo
frequentador do escritório de Alberto Yousseff. O irmão de Mário, Adarico
Negromonte, foi preso na Operação Lava Jato por ser apontado nas investigações
Polícia Federal como o transportador ilegal de valores para o grupo. Mas,
embora trabalhasse para Yousseff, parte do salário era pago pelo então
ministro.

 |Apesar de ter um
irmão plantado no coração da quadrilha, era Rafael Ângulo o encarregado de
levar ao ministro, em Brasília, mesadas quinzenais de R$ 150 mil. O dinheiro
era entregue no apartamento funcional da Câmara dos Deputados|, diz trecho da
reportagem da Veja.

Antigamente no PP e hoje no Solidariedade, o deputado
baiano Luiz Argôlo era o que mais dava trabalho aos carregadores de dinheiro de
Yousseff, segundo a revista. Frequentador semanal do escritório do doleiro,
Argôlo teria transportado de uma só vez para a Bahia uma quantia de R$ 600 mil.
Para o transporte, era utilizado um avião particular que partia do aeroporto de
São José dos Campos, a 100 quilômetros do escritório de Yousseff e a operação
contava com a ajuda de Lopez.

Em Brasília, para evitar imprevistos no ato de entrega
da propina ao apartamento funcional de Argôlo, o entregador se dirigia ao
quarto do parlamentar e escondia o dinheiro embaixo da cama.

Delivery –
Durante quase dez anos, Rafael Ângulo Lopez era o distribuidor da propina e
cruzava o país fazendo as entregas e também era o braço direito de Yousseff. As
cédulas eram transportadas amarradas ao corpo sem nunca ter sido barrado e por
vezes contava coma ajuda de dois ou três comparsas.

Segundo a Veja,
ele mantinha comprovantes de todas as operações clandestinas e por isso sua
delação premiada, que ele já começou a negociar, pode fisgar de vez os figurões
envolvidos no escândalo da petrolífera.

O ex-presidente
da República e senador por Alagoas, Fernando Collor (PTB) também recebeu
propinas em seu apartamento em São Paulo. O |presente| entregue pelo |Papai
Noel| do esquema foi de R$ 50 mil. O parlamentar era amigo do empresário Pedro
Paulo Leoni e esse, por sua vez, sócio do doleiro Yousseff. Leoni também foi
secretário de Collor.

Segundo a
publicação, a mando de Yousseff, Lopez fez pelo menos duas entregas ilegais na
sede do PT em SP em 2012, que somaram R$ 500 mil. Em ambas as ocasiões, o
entregador estava acompanhado de um homem que seria executivo da Toshiba
Infraestrutura e atendia pelo apelido |Piva|. Os dois pagamentos teriam sido
feitos ao tesoureiro do PT, João Vaccari Neto.

Outra beneficiada
com entrega de propina a domicílio foi a governadora do Maranhão, Roseana
Sarney, no Palácio dos Leões, em São Luís: R$ 900 mil. (Bocão News)