O frade Pedro Júnior Freitas da Silva, guardião da Igreja e Convento de São Francisco de Assis, que teve o desabamento de parte do teto na tarde desta quarta-feira (5), alertou o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) na última segunda-feira (3) sobre uma dilatação no forro do teto da igreja. Na carta enviada ao Iphan, o frade solicitou uma visita técnica para avaliar o problema e definir ações de preservação. Até o momento, não há registro de resposta do órgão. As informações são do Metro1.
“Pedimos, ainda, orientações sobre as possíveis soluções para o problema, garantindo que qualquer intervenção siga os critérios técnicos e de conservação exigidos para bens tombados. Ficamos à disposição para fornecer mais detalhes e agendar a melhor data para a visita”, escreveu o frade.
Superintendente do Iphan diz que responsabilidade era da Igreja
Em entrevista após o desabamento, o superintendente estadual do Iphan, Hermano Queiroz, afirmou que a responsabilidade pela manutenção e conservação da Igreja de São Francisco de Assis, em Salvador, cabe à própria instituição religiosa.
Queiroz destacou que as vistorias nos imóveis tombados não são realizadas de forma periódica pelo poder público, mas sim mediante solicitação ou identificação de riscos evidentes.
“A Defesa Civil do Estado, do município, todos esses entes fazem também vistorias, mas não é da rotina, quer dizer, não se faz de tempo em tempo. E se verificando algo mais iminente, aí se toma medida”, explicou.
Ainda segundo o superintendente, a administração e a manutenção da igreja são de responsabilidade da Ordem Franciscana, proprietária do imóvel.
“A gestão desses templos todos é da própria igreja. Não é o poder público quem vai alimentar essas ações de fiscalização o tempo inteiro. Cada proprietário é que cuida, você cobra um ingresso para entrar, então, você investe nesse tipo de gestão que faz parte de qualquer outro bem que recebe público”, afirmou.
Ele mencionou que intervenções pontuais já haviam sido realizadas anteriormente, citando a retirada de um pináculo da estrutura da igreja devido ao risco que apresentava. “A prefeitura ajudou e tirou o pináculo daí”, lembrou.
Vistorias e monitoramento
O representante do Iphan reforçou que a fiscalização dos templos históricos ocorre de forma reativa, a partir da notificação dos responsáveis pelo imóvel.
“As vistorias feitas são após eles notificarem, não algo que vem da prefeitura ou de algum outro órgão público. Cotidianamente não é um procedimento de praxe”, disse.
Segundo ele, não há uma frequência fixa para inspeções preventivas nos mais de 3.500 imóveis tombados na cidade.
“Quando é detectado um problema é que nós somos chamados para participar também, porque a questão envolve não só o patrimônio, mas outros setores e órgãos que cuidam das estruturas de casas e edifícios históricos”, explicou.
Iphan destinou R$ 1,2 milhão à igreja em outubro
Em outubro de 2024, o Iphan anunciou o investimento de R$ 1,2 milhão na restauração da Igreja e Convento de São Francisco. Segundo o órgão, o recurso seria aplicado na contratação de serviços técnicos de elaboração dos projetos para a restauração e preservação do templo.
A ordem de serviço foi assinada no dia 1º daquele mês em reunião realizada na própria igreja com a presença do superintendente do Iphan na Bahia, Hermano Guanaes e Queiroz, de representantes das secretarias de cultura do estado da Bahia e da Prefeitura Municipal de Salvador, além do guardião do templo, Frei Pedro Júnior Freitas da Silva.
“A preservação desse patrimônio, que integra a arte barroca, contribui para manter viva a memória do passado colonial e fortalecer o conjunto arquitetônico como atrativo turístico”, disse o comunicado do Iphan.
Entenda o desabamento
Na tarde desta quarta-feira, uma pessoa morreu e cinco ficaram feridas após parte do teto da igreja desabar no Centro Histórico de Salvador. Equipes do Corpo de Bombeiros Militar foram acionadas e atuaram na área para identificar possíveis vítimas sob os escombros. Segundo a corporação, três viaturas atuaram na ocorrência e as vítimas foram socorridas por guarnições. Policiais militares isolaram o perímetro, enquanto o Samu prestava socorro aos feridos.
Defesa Civil interdita equipamento
O diretor geral da Defesa Civil de Salvador, Sosthenes Macedo, que está no local, afirmou em entrevista a ao Portal M!, que equipes já realizam intervenções no local. Além da Codesal e Corpo de Bombeiros, as Polícias Militar e Civil, Prefeitura-Bairro e a Samu atuam na região. A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur) foi acionada para poder auxiliar na operação e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) já foi contactado para tomar providências legais.
“É um episódio onde teve o desabamento quase na integralidade da parte central da igreja, total. Ainda tem as áreas laterais e essas também, sobretudo diante do ocorrido, são merecedoras de atenção e as nossas equipes estão fazendo essas análises”, disse Sosthenes.
Segundo ele, o acidente aconteceu em um momento em que não acontecia missa, logo, o número de pessoas presentes era menor, mas tinha visitantes.
“Quanto aos feridos, a gente não tem agora o número completo, porque alguns já tinham saído antes, e obviamente que a nossa atenção maior para esse momento atual é buscar se ainda há algum outro tipo de vítima, além da que nós já identificamos”, destacou. (Muita Informação).
Foto: Milena Brito / PCBA