“Polo Industrial de Camaçari corre sério risco”, alerta presidente Adolfo Menezes ao debater indústria química

“A extinção do Regime Especial da Indústria Química (REIQ),
através da MP 1.034, coloca em grande risco o Polo Industrial da Bahia,
especialmente a indústria petroquímica, com o possível fechamento de plantas e
demissão de milhares de trabalhadores. Com o REIQ, as alíquotas de PIS e Cofins
são de 3,65%; sem o regime diferenciado, passarão a 9,75%”, declarou o
presidente da Assembleia Legislativa da Bahia – ALBA deputado Adolfo Menezes ao
abrir, hoje (29), a audiência pública proposta pelo deputado Osni Cardoso (PT)
para debater o futuro da indústria química da Bahia a partir do fim da REIQ.

O debate reuniu políticos, representantes empresariais e
trabalhadores do setor, como o senador Jaques Wagner (PT); o presidente da
FIEB, Ricardo Alban; o presidente da Abiquim, Ciro Marino; os dirigentes
sindicais José Pinheiro Lima, do Sindquímica, e José Luiz Almeida, do Sinpeq;
os deputados federais Daniel Almeida (PCdoB), Cacá Leão (PP) e Joseildo Ramos
(PT); o secretário de Planejamento, Walter Pinheiro; o prefeito de Camaçari,
Elinaldo Araújo; e os deputados estaduais Rosemberg Pinto (PT), Bira Coroa
(PT), Fátima Nunes (PT) e Ivana Bastos (PSD). 

Adolfo diz que a perda de competitividade da indústria
brasileira é resultado justamente da falta de uma política industrial. “O
Brasil voltou a ser um mero exportador de matérias-primas e de commodities, com
a indústria quase toda sucateada. Na pandemia, isso tudo ficou muito claro. Por
exemplo, não temos indústrias de vacinas e respiradores, totalmente dependente
de importações da China e da Índia. São os efeitos da globalização, mas o país
precisa não só proteger, mas, principalmente, modernizar o nosso parque
industrial”, argumenta o chefe do Legislativo da Bahia.

A atividade química/petroquímica é o segundo maior segmento
industrial da Bahia, atrás somente do refino de petróleo. Com o fim do regime
tributário especial, em um cenário totalmente desastroso, a Federação das
Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) projeta uma redução de 20% da capacidade
de produção, perda de 33 mil empregos e diminuição de R$ 325,2 milhões na
arrecadação de impostos.

REGIME ESPECIAL

O Regime Especial da Indústria Química (REIQ) foi criado em
2013, com o objetivo de fortalecer a indústria brasileira frente à concorrência
internacional, com a desoneração das alíquotas de PIS/Cofins incidentes sobre a
compra de matérias-primas básicas da primeira e segunda geração petroquímicas.
Nesta lista, por exemplo, estão produtos como nafta petroquímica, etano,
propano, butano, condensado de gás e benzeno. De acordo com a Associação
Brasileira da Indústria Química (Abiquim), o setor químico brasileiro opera com
um baixo nível de utilização da capacidade instalada, que foi de 72% em 2020.

Os produtos importados representam 46% do mercado nacional e
a situação deve ser agravada, já que a extinção do REIQ afetará a
competitividade da indústria nacional em relação a fabricantes estrangeiros e
pode provocar o aumento de preços. “A extinção do regime especial impacta muito
a economia da Bahia. O Polo Industrial de Camaçari já sofreu um golpe muito
forte com o fechamento da planta da Ford e, por isso, todos estão juntos nesta
luta contra a MP 1.034, que revoga o REIQ”, destaca o deputado Osni Cardoso,
deputado proponente da audiência pública na ALBA. (Agencia Alba)

Foto: Sandra Travassos/Ascom

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