Mourão diz que Pazuello ‘sabe que cometeu erro’ ao participar de ato com Bolsonaro

O vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, fez
críticas nesta segunda-feira, 24, ao comportamento do general Eduardo Pazuello,
que participou de ato bolsonarista ontem. Segundo o vice, o ex-ministro da
Saúde “entendeu que cometeu um erro”.

O Exército deve avaliar nesta segunda-feira se aplicará
alguma punição ao ex-ministro, que é militar da ativa das Forças Armadas.

“Acho que o episódio será conduzido à luz do
regulamento, isso tem sido muito claro em todos os pronunciamentos dos
comandantes militares e do próprio ministro da Defesa. Eu já sei que o Pazuello
já entrou em contato com o comandante informando ali, colocando a cabeça dele
no cutelo, entendendo que ele cometeu um erro”, disse o vice-presidente ao
chegar ao Palácio do Planalto na manhã desta segunda-feira.

“O regulamento disciplinar do Exército prevê que se
avalie o tipo de transgressão que eventualmente foi cometido e que
consequentemente se aplique a punição prevista para o caso”, comentou
Mourão.

A parte do regulamento que o general fez menção diz respeito
à transgressão 57, que diz: “Manifestar-se, publicamente, o militar da
ativa, sem que esteja autorizado, a respeito de assuntos de natureza
político-partidária”. Em desrespeito à norma, Pazuello compareceu no
domingo, 23, ao ato bolsonarista do Aterro do Flamengo, no Rio de Janeiro.

Ao ser questionado sobre o presidente Jair Bolsonaro, que
promoveu o ato, Mourão evitou fazer declarações. “Eu já falei para vocês,
eu não comento atos do presidente Bolsonaro porque eu considero
antiético.”

No Twitter, quem também reagiu à participação de Pazuello no
ato foi o general Carlos Alberto dos Santos Cruz, ex-ministro da Secretaria de
Governo de Bolsonaro. “De soldado a general tem que ser as mesmas normas e
valores. O presidente e um militar da ativa mergulharem o Exército na política
é irresponsável e perigoso. Desrespeitam a instituição. Um mau exemplo, que não
pode ser seguido. Péssimo para o Brasil.”

O Estadão apurou que o Comando do Exército deve analisar o
caso nesta segunda-feira. Na quarta-feira, dia 19, o ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional, general Augusto Heleno, disse à Comissão de
Fiscalização e Controle da Câmara que os militares da reserva podem participar
de manifestações, ao contrário dos que estão na ativa. “Os da ativa não
podem e serão devidamente punidos se aparecerem em manifestações
políticas”.

O temor no Exército é que, se Pazuello ficar impune, os
comandantes de unidades percam a autoridade para punir, eventualmente,
sargentos e tenentes que resolvam seguir o exemplo do general, inclusive os que
resolverem participar de atos políticos de partidos de oposição. (Lauriberto Pompeu – Estadão).

Foto: Wilton Junior/Estadão

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