A defesa do Estado Democrático de Direito e de um Poder
Judiciário independente foi o destaque da sessão especial de entrega do título
de Cidadã Baiana à juíza federal Cynthia de Araújo Lima Lopes, na Assembleia
Legislativa da Bahia – ALBA, na manhã de ontem sexta-feira (27). Autor da
proposição de concessão da honraria, o presidente da ALBA, deputado Adolfo
Menezes, iniciou o seu discurso falando sobre os tempos atuais de ameaças à
democracia e citando a atualidade de uma frase de Ruy Barbosa: “A liberdade não
é um luxo dos tempos de bonança; é, sobretudo, o maior elemento de estabilidade
das instituições”.
A mais nova cidadã baiana foi na mesma linha do chefe do
Legislativo estadual ao afirmar que um Judiciário consciente do seu dever de
defender a democracia é a garantia do direito de manifestação da pluralidade. “Só um Poder Judiciário independente pode contribuir para uma sociedade
democrática e inclusiva racial e socialmente”, disse a juíza Cynthia Lopes, sob
aplausos dos deputados Jurandy Oliveira e Fátima Nunes, dos desembargadores e
juízes federais, outras autoridades e servidores da Seção Judiciária Federal da
Bahia presentes no plenário da ALBA.
“Com o título de Cidadã Baiana, esta Casa Legislativa exerce
a prerrogativa de reconhecer, em nome do povo baiano, que a Dra. Cynthia é mais
um elo ? um importante elo – entre Amazonas e Bahia”, disse Adolfo Menezes, ao
saudar a homenageada. Ao lembrar da trajetória profissional da juíza, o
presidente da ALBA disse, ainda, que a concessão do título corresponde ao
registro solene de que a Bahia, há tempos, já a havia acolhido como filha.
“Irmanam-se o Forte de São João da Barra do Rio Negro e o
Forte de São Marcelo; a planície de Manaus com as ladeiras de Salvador; as
seringueiras da floresta com o cacau das nossas terras do sem fim; o Teatro
Amazonas e o Teatro Castro Alves; o Festival de Parintins e nosso Carnaval; o
boi Caprichoso e bloco Olodum”, falou Adolfo Menezes, sincronizando a cultura,
a arquitetura e a geografia da Bahia e do Amazonas, na honraria entregue à
manauara-baiana e torcedora do Bahêa Cynthia Lopes.
O conteúdo do discurso da homenageada trouxe várias citações
de personagens, fatos culturais e históricos da Bahia. O Esporte Clube Bahia,
Caymmi, João Gilberto, Walter Queiroz, Jorge Amado, Saulo, o 2 de Julho, a
Revolta dos Malês, Canudos, a Sabinada, a Conjuração Baiana e os 300 anos de
escravidão foram lembrados por Cynthia Lopes, para destacar a resistência e a
bagagem cultural do povo baiano. Uma mistura do legado de três etnias, que,
segundo a juíza federal, nos deu a capoeira, o candomblé a culinária, o
sincretismo e a resistência. (Ascom).
Foto: Sandra Travassos/Alba