Um grampo telefônico usado pelo
Ministério Público Federal (MPF) para apontar indícios de envolvimento do presidente Jair Bolsonaro
(PL) e encaminhar para o STF parte da investigação sobre o escândalo no
Ministério da Educação mostra o ex-ministro Milton Ribeiro contando a
uma filha que ?o presidente? lhe alertou sobre a possibilidade de uma operação
de busca e apreensão.
“Hoje o presidente me ligou. Ele
está com um pressentimento, novamente, de que podem querer atingi-lo através de
mim”, disse Ribeiro a uma filha, no último dia 9 de junho. “Ele acha que podem
querer fazer uma busca e apreensão em casa. É muito triste”, declarou o
ex-ministro.
A informação foi noticiada pela GloboNews na tarde desta
sexta-feira (24/6).
A operação ocorreu em 22 de
junho, quando Ribeiro e outros pastores foram presos, sob a acusação de tráfico
de influência no ministério que ele chefiava.
A citação ao presidente levou o
MPF a pedir o envio de parte da investigação ao Supremo, conforme revelou o colunista Rodrigo Rangel, do Metrópoles,
nesta sexta. Com isso, o inquérito volta para a relatoria da ministra Cármen
Lúcia, que havia enviado o caso para a primeira instância depois que Milton
Ribeiro pediu demissão do MEC. Após vir à tona o escândalo envolvendo cobrança
de propina por pastores lobistas ligados a ele, o próprio reverendo optou pela
exoneração.
Reclamações da defesa
O advogado Daniel Bialski, que
coordena a defesa do ex-ministro Milton Ribeiro, criticou a ida da investigação para o STF.
A defesa alega que o áudio citado
na decisão envolve autoridade com foro privilegiado, já que o diálogo
registrado supostamente teria ocorrido antes da deflagração da operação.
?Se assim o era, não haveria
competência do juiz de primeiro grau para analisar o pedido feito pela
autoridade policial e, consequentemente, decretar a prisão preventiva?, destaca
Bialski, em nota à imprensa.
Segundo o profissional, “a defesa
ainda analisará tudo e o todo que foi anexado aos autos, se lhe for franqueada
vista da íntegra da documentação”.
“Todavia, se realmente esse fato
se comprovar, atos e decisões tomadas são nulos, por absoluta incompetência, e
somente reforçam a avaliação de que estamos diante de ativismo judicial e,
quiçá, abuso de autoridade, o que precisará também ser objeto de acurada
análise”, concluiu o defensor. (Raphael Veleda
eTácio Lorran – Metropoles)
Foto: Rafaela
Felicciano/Metrópoles