71 dos jovens assassinados no Brasil são negros, situação é debatida na ALBA

A violência policial contra a juventude negra foi tema de
uma audiência conjunta, nesta terça-feira (24), envolvendo as Comissões de
Direitos Humanos e da Igualdade na Assembleia Legislativa da Bahia. O evento
coordenado pelos deputados estaduais Marcelino Galo e Bira Corôa, ambos do PT,
compôs a agenda de atividades alusivas ao Dia Internacional pela Eliminação da
Discriminação Racial, comemorado no último sábado (21). Dados do Mapa da
Violência apontam o homicídio como a principal causa de morte de jovens entre
15 e 24 anos no Brasil, e que a violência atinge especialmente jovens negros do
sexo masculino, moradores de periferia e áreas metropolitanas dos centros
urbanos. Pesquisa do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), do
DATASUS, revela que mais da metade dos 52.198 mortos por homicídio em 2011 no
Brasil eram jovens. Dos 27.471 jovens assassinados no país, 71,74 eram negros
e 93,3 do sexo masculino.

Durante a audiência pública, uma carta aberta ao governador
Rui Costa e a sociedade baiana, formulada pela Rede de Mulheres Negras da
Bahia, foi apresentada com 10 indagações a respeito do [extermínio da juventude
negra no estado].  Articulada com 423
organizações de mulheres negras no território baiano, a Rede questionou também
a morte de 13 jovens no Cabula, em Salvador, durante a operação da Rondas
Especiais da Polícia Militar (Rondesp) no mês de fevereiro.

[Nós temos que trabalhar de forma determinada, porque é
preciso que se esclareça à sociedade o que foi que aconteceu ali de fato, onde
12 jovens negros foram mortos. É uma realidade que nos incomoda, e que nós
vamos dar conta, por que é preciso reverter de vez esse quadro, que não é um
elemento recente, uma novidade da nossa sociedade], afirmou o deputado
Marcelino Galo, que preside a Comissão de Direitos Humanos e Segurança Pública.
?A sociedade brasileira se estruturou tendo a violência como elemento central,
com o extermínio dos índios e a exploração escravagista dos negros, que
permaneceu por 350 anos. Fomos o último país a abolir a escravidão. Nossas
origens históricas estão ligadas a exploração dos pobres e essa cultura da
violência segue impregnada ainda hoje na sociedade, com a exclusão e um
verdadeiro genocídio contra a juventude, sobretudo a negra?, criticou o
parlamentar.

Também participaram da audiência representantes do Movimento
Negro Unificado, da União de Negros pela Igualdade, do Coletivo de Entidades
Negras, da Ordem dos Advogados do Brasil, seção Bahia, das Secretarias de
Segurança Pública e de Promoção da Igualdade Racial do Estado, além do Comando
Geral da Polícia Militar da Bahia. (Ascom)

Foto: Daniel Ferreira

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