A subjetividade leitora em Luiz Eudes: o olhar para o rosário desgastado

Luiz Eudes é de Sátiro Dias, na Bahia. Escreveu livros de contos, infantis, novela e romance publicados no Brasil, além de roteiros para o audiovisual. A novela Cangalha do Vento foi publicada também em Portugal e em Angola e com tradução para o italiano. Sua última publicação foi a obra Rosário desgastado, em 2022, também traduzido para o italiano.

Entre as premiações que recebeu estão a Moção de Parabenização, pela Câmara de Vereadores de Sátiro Dias; a Comenda Maria Feijó, pela Câmara de Vereadores de Alagoinhas; Título de Importância Cultural, pela União Baiana de Escritores; a Comenda Rachel de Queiróz, entregue pela Academia de Letras de Fortaleza, a Comenda pelo Bicentenário, pela Confraria Sancristovense de História e Memória e Título de Honra ao Mérito Cultural, no Tribunal de Justiça de Sergipe.

Luiz é membro da Academia de Cultura da Bahia, da Casa do Poeta de Alagoinhas, da Academia Contemporânea de Letras e da União Brasileira de Escritores do Estado de São Paulo, da União Bahiana de Escritores, da Academia de Letras de Fortaleza e da Confraria Sancristovense de História e Memória.

Rosário Desgastado é um romance emocionante e envolvente que cativa o leitor, com histórias de duas gerações de uma mesma família em uma narrativa casual e despretensiosa, trazendo o medo da morte como tema principal.

O livro apresenta uma trama cheia de reviravoltas e surpresas do início até a última página, com uma linguagem fluida e poética, criando imagens vivas e emocionantes que transportam o leitor para dentro da história.

A primeira parte tem 15 capítulos e conta a história de Abelardo, como personagem principal, acompanhado de sua esposa, Santinha, porém, no prólogo, aparece um personagem que irá pairar sobre toda a trama: A Morte. Na segunda parte, com 14 capítulos, João, filho de Abelardo, é o dominante, com lembranças de memórias, sonhos, carregando vida e histórias próprias.

Eudes usa metaforicamente o significado místico da palavra rosário para contar a espiritualidade latente que caracterizou seus personagens principais e principalmente o meio rural onde as histórias se passam, obrigando-nos a viajar aos mistérios da vida e da fé, em prosa fluente e extremamente atraente.

Ao longo do livro são abordados temas profundos e importantes, como a busca pelo sentido da vida, a importância da fé e da espiritualidade e a superação de traumas e perdas, o autor procura tratar esses temas com delicadeza e sensibilidade, sem perder a leveza e a descontração que caracterizam sua escrita.

O escritor torna-se um narrador onisciente do ponto de vista de Abelardo e depois do ponto de vista de João, onde a contemplação é essencial aos ditames da vida correta. Personagens comuns como: uma benzedeira, uma parteira, um sapateiro, um político, um lojista assumem seus papéis ao longo da história e têm seus valores, cada um em seu campo de atuação, elementos fundamentais na construção do imaginário criativo de Eudes.

O texto de Eudes é repleto de lirismo que encanta o leitor do começo ao fim nessa torrente de imagens oníricas que insistem em mudar a realidade e nos surpreendem. Desde o início sentimos a influência da tradição literária brasileira e bíblica, quando os resquícios do mito da arca de Noé se misturam com passagens e personagens da estética de Guimarães Rosa na obra “As margens do rio”.

Eudes deixa grande parte da história suspensa para a nossa imaginação completar: “E eu, caminhando pelo caminho da memória, preciso contá-los. Vou escrever um livro com algumas histórias sobre a vida e a morte”. Entrando na mente daqueles que, por temor e amor a Deus, evocavam orações de antigos rosários, trazendo-lhes paz em meio aos presságios, presságios de perigo iminente e de morte.

Além disso, o livro conta com personagens charmosos e bem desenvolvidos que se tornam verdadeiros amigos do leitor ao longo da história. Em particular, o personagem principal é um personagem que desperta simpatia e admiração graças à sua coragem e determinação para superar as dificuldades que a vida lhe apresenta.

Em suma, Rosário Desgastado é um livro que vai emocionar e inspirar os leitores, ao mesmo tempo que os encanta e diverte. É uma obra que com certeza deixará uma marca duradoura na vida de quem a lê e merece lugar de destaque na estante de qualquer amante da boa literatura.

Por Wagner de Santana da Costa[1]



[1] Professor da Rede Estadual e Municipal do Estado da Bahia. Possui graduação em Letras Vernáculas pela UNEB (2008), Especialista em Gestão Educacional com ênfase em Coordenação Pedagógica pela Faculdade Vasco da Gama (2014). Mestre em Ciências da Educação pela University Mackenzie (Flórida/USA). Doutor em Ciências da Educação pela University Mackenzie (Flórida/USA). 

OBRA: EUDES, Luiz. Rosário desgastado. 2022. Pragmatha: Brasil.


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