Lobista que pagou r$ 400 mil de empresa de Dirceu faz delação premiada

O lobista Milton
Pascowitch, que atuava como operador de propinas da construtora Engevix
Engenharia, fechou acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação
Lava Jato. Ele se dispôs a confessar corrupção e lavagem de dinheiro e a contar
o que sabe sobre o esquema de desvios na Petrobras, em troca de uma possível
redução de pena. Acusado de operar pagamentos de propina para a empreiteira
Engevix, Pascowitch é dono da Jamp Engenheiro se pagou R$ 400 mil do imóvel
comprado por José Dirceu onde funcionava a sede da empresa de consultoria do
ex-ministro da Casa Civil (governo Lula), em São Paulo, a JD Assessoria e
Consultoria Ltda.

A compra do imóvel da JD
Assessoria é alvo central de inquérito da Polícia Federal que apura corrupção e
lavagem de dinheiro envolvendo Dirceu, a JD e seu irmão e sócio Luiz Eduardo
Oliveira e Silva. Comprado por R$ 1,6 milhão, no ano em que ele começava a ser
julgado no processo do mensalão pelo Supremo Tribunal Federal, Dirceu registrou
em cartório ter dado R$ 400 mil de recursos próprios no negócio.

Em relatório de janeiro,
a Receita Federal suspeitou da movimentação financeira porque o dinheiro não
passou pela conta corrente de Dirceu naquele ano. O documento resultou em
inquérito aberto em 30 de janeiro, para apurar corrupção e lavagem de dinheiro
na aquisição desse imóveis e de outro, em nome do irmão.

A Jamp assinou contrato
com a JD em 2011, para pagamento de serviços que Dirceu teria prestado de
consultoria internacional para a empreiteira Engevix. Foram pagos R$ 2,6
milhões entre 2008 e 2012 para a JD, de José Dirceu. Desses, R$ 1,4 milhão
foram pela Jamp.

Preso desde abril na sede
de Polícia Federal, em Curitiba (PR), base da Lava Jato, Pascowitch tem
vínculos apontados nos autos da Lava Jato com o PT e o esquema de propinas na
Petrobrás por intermédio do ex-diretor de Serviços Renato Duque e o ex-gerente
de Engenharia Pedro Barusco.

A Lava Jato tinha
recolhido até aqui provas do envolvimento de Pascowitch, por meio de contratos,
empresas e contas operadas pelo lobista. Foram cruzados os dados entregues por
delatores dos processos, como Barusco – com quem o lobista tinha um hobby em
comum, o golfe -, materiais apreendidos nas buscas em suas empresas e
residência além de quebras de sigilos.

Os tentáculos de
Pascowitch que estão na mira na Lava Jato extrapolam sua atuação em nome da a
Engevix na Petrobras.

Investigadores acreditam
que Pascowitch pode colaborar com as novas frentes de apuração, em especial na
área de navios e sondas do pré-sal e também os esquemas de consultorias de
ex-políticos e agentes públicos, como José Dirceu e Renato Duque.

O advogado criminal Theo
Dias, que defende Pascowitch, não retornou contatos da reportagem.

A assessoria de Dirceu
afirma que a JD sempre recebeu por serviços de consultoria efetivamente
prestados.

No dia 17 de junho, a
assessoria de Dirceu esclareceu questionamento da reportagem de O Estado de S.
Paulo. [O ex-ministro José Dirceu refuta, com veemência, qualquer ilação de
prática de crimes de lavagem de dinheiro ou ocultação patrimonial, como
questiona o jornal. Dirceu trabalhou como consultor de empresas por 9 anos e
todos os seus rendimentos foram declarados à Receita Federal, que não
apresentou qualquer ressalva sobre sua evolução patrimonial no período.

As suspeitas não têm
qualquer fundamento, já apresentamos à Justiça do Paraná todos os
esclarecimentos pedidos e é preciso ficar claro que não existe nenhuma acusação
formal contra o ex-ministro], afirma o advogado Roberto Podval. [Já
demonstramos a partir de vasta documentação que José Dirceu atendeu a cerca de
60 clientes e que todos os serviços foram plenamente prestados, os impostos
recolhidos e os rendimentos declarados.]

DIÁRIO DO PODER

(FOTO: LUIZ CARLOS
MARAUSKA)

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