Lula defende ministro Juscelino Filho, indiciado por corrupção

O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva saiu em defesa do ministro das Comunicações, Juscelino Filho. Os dois
subiram juntos no palanque, nesta sexta-feira, no Maranhão, pela primeira vez
desde que o titular da pasta foi indiciado pela Polícia Federal por corrupção,
lavagem de dinheiro e organização criminosa.

O chefe do Executivo disse estar “feliz” com o trabalho de Juscelino e que não pode tirá-lo do governo
por um processo que ainda não foi acatado pelo Judiciário – o relatório da PF
foi enviado ao Supremo Tribunal Federal (STF) e à Procuradoria-Geral da
República, que decidirá se denuncia ou não o ministro. Juscelino acompanhou
Lula no Piauí, pela manhã, e em sua base eleitoral, o Maranhão, à tarde.

“Estou feliz com o (André)
Fufuca, estou feliz com o Juscelino e estou feliz com a nossa Sonia
Guajajara”, disse Lula, em entrevista à Rádio Mirante News, logo ao
desembarcar em São Luís. Os três citados são maranhenses. O presidente admitiu,
porém, que há “um problema de indiciamento” com o ministro das
Comunicações.

“Para mim, todo cidadão é
inocente até que provem o contrário. Se um cidadão tem um pedido de
indiciamento e esse indiciamento ainda não foi concedido pela
Procuradoria-Geral nem pela Suprema Corte, tenho que aguardar o processo”,
acrescentou.

Juscelino é suspeito de desvio de
verbas de emendas parlamentares para beneficiar propriedades de sua família em
Vitorino Freire (MA). Segundo a PF, o caso teria ocorrido quando o político era
deputado federal, antes de integrar o governo Lula.

Ao apurar irregularidades em
obras da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba
(Codevasf), a corporação encontrou mensagens entre Juscelino e um dos
investigados por fraudes em licitações, o empresário Eduardo José Barros Costa,
conhecido como Eduardo DP.

O ministro esteve com Lula em
Teresina, no encerramento da Caravana Federativa do Piauí, onde foram
anunciados investimentos em portos e na digitalização de serviços públicos. Ele
não discursou.

Já em São Luís, participou também
do anúncio de obras portuárias e de mobilidade urbana. Sem citar o enrosco
judicial, disse estar satisfeito em poder fazer parte do governo e destacou as
ações do ministério no Maranhão.

“Quero dizer do meu
agradecimento de poder hoje estar ao seu lado, compondo a sua equipe, que muito
nos honra, liderando essa pasta que é hoje tão importante e estratégica na vida
dos brasileiros, as Comunicações”, declarou.

O chefe do Executivo estuda se
demite ou não Juscelino, mas deve aguardar até o processo estar mais avançado.
Integrantes do governo sondam se o União Brasil, partido do ministro,
negociaria a exoneração. O risco é ter uma reação negativa da legenda, que tem
uma das maiores bancadas do Legislativo, prejudicando uma relação já delicada
entre o Planalto e o Parlamento. Até o momento, o União está apoiando
completamente Juscelino, que nega as acusações. A legenda chegou a questionar – assim como o ministro – a imparcialidade da Polícia Federal.

Reforma ministerial

Em outra entrevista, desta vez à
Rádio Meio, do Piauí, Lula repetiu estar satisfeito com seus auxiliares e
descartou fazer mudanças na Esplanada no curto prazo. “Não vejo nenhuma
necessidade de fazer reforma ministerial. Estou satisfeito com os meus
ministros”, comentou. “A hora em que eu precisar, vou mudar as
pessoas. Mas eu estou com um governo muito bom”, acrescentou.

Derrotas recentes do governo no
Congresso abriram questionamentos sobre uma reforma ministerial, além do
imbróglio com Juscelino Filho. Mudanças devem ocorrer no fim do ano, após as
eleições municipais de outubro. Afinal, o resultado das urnas vai definir qual
será a força política de cada legenda e pode influenciar a decisão de Lula
sobre quais siglas vão ganhar mais espaço, e quais não poderão entregar o
prometido. (Victor Correia e Ingrid Soares – Correio Brasiliense).

Foto: Ricardo Stuckert/Secom/PR)

 

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