[Buscava pessoas que prestavam serviço em Brasília], diz ex-faz-tudo de Argolo

O ex-faz-tudo do ex-deputado Luiz Argôlo (ex-SD/BA), preso
desde 10 de abril pela Operação Lava Jato, prestou depoimento à Justiça nesta
quarta-feira, 8. Valmir de Azevedo Oliveira foi assessor parlamentar e
motorista, contratado pelo gabinete de Argolo, de 2011 a 2014. “Sempre que
precisava buscava prefeito, buscava vereador, buscava pessoas que prestavam
serviço em Brasília”, disse ao juiz federal Sérgio Moro, que conduz as
ações da Lava Jato. “Eu levava (Argôlo) aos locais. E outras pessoas que
tinham tratamento de saúde, que tinha que levar nos hospitais, pessoas para
tirar visto.” Valmir Oliveira foi arrolado pela defesa do ex-parlamentar,
réu em ação penal por corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Ele contou que
dirigiu um carro Sportage preta até 2013. Depois, uma Sportage branca. Ele
disse não se lembrar de nomes de pessoas que ele [buscava e levava] e afirmou
que nunca presenciou ninguém pegando ou entregando dinheiro. “Serviço
profissional, só levava a pessoa onde a pessoa tinha que fazer algum tipo de
serviço, seria no ministério, seria na Embaixada tirar visto, seria sobre
saúde, essas coisas”, afirmou Valmir Oliveira. Luiz Argôlo foi denunciado
pelo Ministério Público Federal por uso de verba parlamentar para ir até o
escritório do doleiro Alberto Youssef para recebimento de propina. Segundo a
Procuradoria da República Argôlo visitou 78 vezes o doleiro. Pelo menos 40
viagens de Argôlo foram bancadas com recursos públicos da Câmara dos Deputados.
Argôlo e os também ex-deputados Pedro Corrêa (PP-PE), Aline Corrêa (PP-PE) e
André Vargas (sem partido- PR) foram os primeiros políticos envolvidos no
esquema de corrupção e propinas na Petrobras denunciados pela Procuradoria, em
maio deste ano. Eles respondem por corrupção (pena mínima de 2 anos de prisão e
máxima de 12 anos), lavagem de dinheiro (mínima de 4 anos e máxima de 16 anos e
8 meses de prisão), organização criminosa (mínima de 3 anos e máxima de 13 anos
e 4 meses de prisão) e peculato (mínima de 2 anos, máxima de 12 anos de
prisão). (Julia Affonso e Mateus Coutinho | Estadão Conteúdo)

Foto: Gabriela Korossy/ Câmara dos Deputados

 

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