Ex-diretor da Petrobras, Renato duque negocia delação premiada

O ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato Duque estuda
firmar um acordo de delação premiada com a força-tarefa da Operação Lava Jato.
Duque está preso preventivamente desde 16 de março e é apontado como elo do PT
no esquema de pagamento de propinas na estatal.

O advogado Alexandre Lopes, que defende o ex-diretor, disse
ontem que ?não é impossível? que ele faça contribuição premiada por causa de
sua situação psicológica, mas negou que ele já tenha fechado o acordo com o Ministério
Público Federal.

Segundo o advogado, caso Duque decida fazer a delação, o
acordo será mediado por outro escritório de advocacia. Ontem o ex-diretor da
Petrobras ficou em silêncio durante a audiência na Justiça Federal em Curitiba
em ação penal na qual responde por organização criminosa, lavagem de dinheiro e
corrupção passiva. Na mesma ação, também são réus o ex-tesoureiro do PT João
Vaccari Neto e outros 25 investigados.

A defesa de Duque pediu ao juiz Sérgio Moro uma ?entrevista
prévia e reservada? antes da audiência marcada para a tarde de ontem.

O ex-diretor da Petrobras foi preso após a Polícia Federal
sob a acusação de tentar ocultar patrimônio não declarado na Suíça por meio da
transferência de 20 milhões de euros para uma conta no Principado de Mônaco.
Ele teria assumido o cargo com o apoio do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu
– que nega a indicação.

Vaccari

O ex-tesoureiro do PT João Vaccari Neto também ficou em
silêncio na audiência na Justiça Federal no Paraná. Ao juiz Sérgio Moro, que
decretou sua prisão em 15 de abril na 12.ª etapa da Operação Lava Jato, o
ex-tesoureiro não quis responder perguntas sobre a acusação do Ministério
Público Federal.

Vaccari seguiu orientação de seu advogado, o criminalista
Luiz Flávio Borges D?Urso. ?Não existe absolutamente nada contra Vaccari, por
isso ele nem depôs. Não há nada a responder porque não há nada contra Vaccari?,
afirmou o advogado.

Na avaliação do criminalista, nos autos ?não há nenhuma
prova que corrobore o que foi dito pelos delatores? – o lobista Augusto
Mendonça, o doleiro Alberto Youssef e o ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
Eduardo Leite. ?O que consta da denúncia contra Vaccari é a palavra dos delatores,
nada mais?, disse o criminalista.

Segundo os delatores, o ex-tesoureiro teria captado dinheiro
do esquema de corrupção e desvios na Petrobras para o partido.

A defesa de Vaccari entrou com novo pedido de habeas corpus,
agora no Superior Tribunal de Justiça. O pedido deverá ser analisado pelo
ministro Francisco Falcão.

Lavagem

Além desta ação penal, Duque e Vaccari são réus também na
Justiça Federal no Paraná em outro processo criminal. Eles foram denunciados
pela força-tarefa da Lava Jato pela prática de lavagem de dinheiro no total de
R$ 2,4 milhões, entre abril de 2010 e dezembro de 2013.

Segundo o Ministério Público Federal, uma parte da propina
que teria sido paga para Duque foi direcionada por empresas do grupo Setal Óleo
e Gás, controlado por Mendonça para a Editora Gráfica Atitude.

O pagamento foi feito a pedido de Vaccari, tesoureiro do PT
de 2010 até este mês, quando foi preso pela Lava Jato. Os procuradores da
força-tarefa sustentam que existem, ainda, ?vários indicativos de ligação da Gráfica
Atitude com o PT?. (AE)

FOTO: CASSIANO ROSÁRIO/AE

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