Investigado por tráfico Internacional de influência, em ação
criminal do Ministério Público Federal, o ex-presidente Lula teria feito lobby
em favor da construtora Odebrecht junto ao primeiro-ministro de Portugal, Pedro
Passos Coelho, para que o governo português desse “atenção” a
interesses da empreiteira naquele país.
O lobby de Lula em favor da Odebrecht foi documemtado em
telegrama diplomático enviado pelo embaixador brasileiro em Lisboa, Mario
Vilalva, ao Ministério de Relações Exteriores, divulgado neste domingo (19)
pelo jornal O Globo.
Na correspondência, Vilalva destaca uma entrevista do
ex-presidente Lula para rede de televisão portuguesa RTP, ocorrida abril de
2014, na qual o petista aborda desde os 40 anos da Revolução dos Cravos e até
defendendo maior participação de empresas brasileiras nas privatizações
conduzidas em Portugal, mas sem fazer referência a nenhuma empresa específica.
O documento, no entanto, indica que Lula tratou de
interesses da construtora em conversa, que teria ocorrido de forma reservada,
com o primeiro-ministro português.
“Repercutiu positivamente na mídia recente declaração
do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em entrevista à RTP no dia 27/04
último, no sentido de que o Brasil deve-se engajar mais ativamente na aquisição
de estatais portuguesas. O ex-presidente também reforçou o interesse da
Odebrecht pela EGF ao primeiro-ministro Pedro Passos Coelho, que reagiu
positivamente ao pleito brasileiro”, informou o diplomata.
A Odebrecht era uma das empreiteiras que tinham manifestado
oficialmente interesse na privatização da Empresa Geral de Fomento . A
Odebrecht, no entanto, não chegou a formalizar a proposta e a EGF acabou
vendida para a Suma, consórcio formado por empresas portuguesas.
Na quinta (16), a Procuradoria da República no Distrito
Federal abriu uma investigação criminal formal contra o ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva. O petista será investigado por suspeita de tráfico de
influência em favor da Odebrecht, no Brasil e no exterior, em obras financiadas
pelo BNDES.
A suspeita é de que Lula tenha exercido influência para que
o BNDES financiasse obras de Odebrecht, principalmente em países da África e da
América Latina.
A empreiteira bancou diversas viagens de Lula ao exterior
depois que ele deixou a Presidência, além das contratações para palestras. O
Instituto Lula nega qualquer irregularidade e sustenta que o ex-presidente
nunca recebeu vantagens para prestar consultoria, fazer lobby ou tráfico de
influência.
A defesa do ex-presidente apresentou nesta sexta (17)
reclamação ao Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) pedindo a apuração
da conduta do procurador Valtan Timbó Mendes Furtado, que pediu a abertura da
investigação criminal.
A representação de Lula pede a suspensão do inquérito,
abertura de sindicância e processo administrativo disciplinar para o
procurador.
TELEGRAMAS
O Ministério Público Federal já requisitou ao Itamaraty
cópias de telegramas diplomáticos e despachos sobre viagens de Lula ao
exterior, relacionadas ou não com a Odebrecht. Os principais alvos são visitas
a Cuba, Panamá, Venezuela, República Dominicana e Angola.
A reportagem do jornal “O Globo” também teve
acesso a outros telegramas que mostram atuação de Lula para o BNDES ao governo
do Zimbábue, país africano governado pelo ditador Robert Mugabe, e também
viagens para Cuba, onde a empreiteira construiu um porto com recursos do BNDES.
Os documentos informam que, em junho de 2011, o
ex-presidente foi recebido no hotel por Marcelo Odebrecht, presidente da
empresa e que está preso pelo esquema de corrupção da Petrobras, e o
ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), que cumpre prisão domiciliar pela
condenação no julgamento do mensalão e agora investigado por suspeita de
participação nas irregularidades envolvendo a estatal. (Diário do Poder)
Foto: (FOTO: RITA SIZA/PÚBLICO)