O que entendemos por “desigrejados”? um novo nome, se refere, a pessoas evangélicas, que ao longo do tempo se afastaram, de uma igreja ou congregação, deixando o vínculo de membros ou congregados, mas continuam professando a fé.
Só para lembrar, que, em dezembro de 2019, foi identificado pela primeira vez, um surto em Wuhan (China), a pandemia, conhecida como COVID-19, e em março de 2020 chegou ao Brasil, e os brasileiros começaram viver, um novo tempo ou uma nova era. O tempo de se manter distante um do outro em encontros, cultos, reuniões e outros.
“Tempo de afastar-se de abraçar”. Eclesiastes 3:5
Nesse período, as pessoas começaram, uma nova prática de vida, se distanciar um do outro, não frequentar ambientes, com muita gente, ou seja, tudo era limitado. Os novos hábitos foram implantados, o uso de máscara, os calçados usados durante o dia, eram lavados após o uso, e os cultos transmitidos, através das lives (ao vivo), por canais tecnológicos (redes sociais), era a nova maneira de cultuar a Deus.
Os frequentadores das igrejas, começaram a viver um novo hábito de crença, recebem orações, mensagens, pregações, através da internet, e se dão por satisfeitos espiritualmente.
Esse fenômeno dos “desigrejados”, para alguns, que professam a “fé”, a estrutura religiosa é uma “instituição desnecessária” e que a fé cristã, pode ser exercida sem a comunhão da igreja.
Eis, a orientação, o que a Bíblia relata, em Hebreus 10:25, “Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais, quanto vedes, que o Dia se aproxima”. Esse é o modelo que o cristão deve seguir.
De acordo com alguns estudiosos, no Brasil, o número de “desigrejados” é de mais de 16 milhões de pessoas.
A pesquisa recente da Missão Sepal revelou que 6,9% dos evangélicos no Brasil são considerados “desigrejados”, ou seja, não frequentam uma igreja atualmente. Isso representa uma parcela significativa da população evangélica no país.
Perfil dos Desigrejados:
– Idade: A maioria dos “desigrejados” são jovens de 16 a 34 anos, com 12,5% na faixa etária de 16 a 24 anos e 12,1% entre 25 a 34 anos.
– Gênero: Homens representam 10,7% dos “desigrejados,” enquanto as mulheres correspondem a 5,8%.
– Escolaridade: A maior parte dos desigrejados possui ensino superior, com 13,7%.
– Renda: 9,3% dos “desigrejados” têm renda familiar de 2 a 5 salários-mínimos.
Esses dados sugerem, que, o aumento do nível educacional, pode estar associado, ao afastamento, das comunidades de fé. Além disso, a pesquisa aponta que o estado de São Paulo tem uma taxa maior de “desigrejados,” chegando a 14,2%.
As causas do “desigrejamento”, no Brasil são diversas e complexas, envolvendo fatores sociais, culturais, econômicos e religiosos. Aqui estão algumas das principais razões:
Fatores Internos às Igrejas:
– Desconexão com a juventude: Muitas igrejas, não oferecem atividades ou programas, que atendam às necessidades e interesses dos jovens.
– Rígidas estruturas hierárquicas: Organizações eclesiásticas, podem ser vistas, como autoritárias ou distantes.
– Falta de diálogo e inclusão: Igrejas podem não abordar, questões relevantes ou não acolher diversidade.
Fatores Externos:
– Secularização: Avanço da ciência e da tecnologia pode levar à perda de influência religiosa.
– Mudanças sociais e culturais: Globalização, urbanização e mudanças nos valores familiares.
– Crises e escândalos religiosos: Abusos de poder, corrupção ou hipocrisia podem afastar fiéis.
Fatores Pessoais:
– Busca por significado e propósito: Indivíduos podem buscar respostas fora das instituições religiosas.
– Desilusão com a religião: Experiências negativas ou insatisfação com ensinamentos.
– Individualismo crescente: Priorização da autonomia pessoal sobre a identidade coletiva.
Outros Fatores:
– Aumento do ateísmo e agnosticismo.
– Influência da mídia e das redes sociais.
– Mudanças demográficas e migratórias.
Essas causas, são interconectadas e variam, de pessoa, para pessoa. É importante notar que o “desigrejamento” não é necessariamente, uma rejeição à fé, mas sim, uma reavaliação, da relação com as instituições religiosas.
O mundo mudou, estamos no século XXI, é preciso se pensar na conjuntura atual, os líderes para manter o público nas igrejas, tem que se reinventar, não se trata, de mudar o texto e contexto bíblico, e sim ter algo, que conquiste o novo público, as crianças, os adolescentes, os jovens e adultos, hoje estão conectados, a Biblia para eles é virtual, a Biblia física são poucos que a adotam, as ofertas, dízimos, são feitos através de PIX, ou através da “maquininha”, para o membro ou congregado usar, (débito/crédito), e essas mudanças elas vão avançar a cada dia. Eis o que diz Daniel 12:4,: “E tu, Daniel, fecha estas palavras e sela este livro, até ao fim do tempo: muitos correrão de uma parte para outra, e a ciência se multiplicará”. A ciência tecnológica, ela vai avançando e o evangelho, precisa acompanhar essa evolução, sem deixar a base que é Jesus Cristo.
É preciso a igreja (líderes), investir em material humano, capacitando pessoas, para educar crianças, jovens, adultos, ou seja, todos os níveis de frequentadores. O público atual, são médicos, advogados, engenheiros, e outras atividades profissionais, além de uma nova geração de estudantes de cursos médio, Universidade, Faculdade, em busca de uma nova vida acadêmica.
Tenho visto igrejas que tem professores de Escola Bíblica Dominical (EBD), no sistema antigo, ou seja, o modelo que eu aprendi, mas mudei, o meu formato de atuar junto à classe, a lição é, para ser estudada, pelo aluno e não o professor ficar discorrendo, toda a lição em uma sala de aula. Toda liturgia, tem que ser pensada e repensada, para termos alunos e frequentadores das atividades religiosas nas igrejas.
A mudança de mentalidade é, um conceito importante, nas Escrituras, que se refere à transformação progressiva do cristão. O apóstolo Paulo ressalta a necessidade de uma mudança de mentalidade para que o processo de santificação seja eficaz.
Romanos 12:2-3
“Não vivam como vivem as pessoas deste mundo, mas deixem que Deus, os transforme, por meio de uma completa mudança da mente de vocês. Assim vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a ele”.
—
*Itamar Ribeiro, professor acadêmico, jornalista, pós-graduado em Comunicação Social, Mestrando em Gestão Pública, Territorialidade e Movimentos Sociais -UEFS, Escritor, Teólogo, Pedagogo, Radialista, membro do Conselho Político da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil – CGADB e membro do Grupo de Comunicação e Imprensa da CGADB.