O ex-presidente da OAS Léo Pinheiro, que na última década
foi responsável pelas relações institucionais da empreiteira com as principais
autoridades de Brasília, teria autorizado seus advogados a negociar com o
Ministério Público Federal um acordo de delação premiada para contar o que sabe
sobre a participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no escândalo da
Petrobras, diz a matéria de capa da revista Veja desta semana. Amigo de Lula,
Pinheiro estaria com medo de voltar à cadeia, depois de passar seis meses preso
em Curitiba, no âmbito da Operação Lava Jato, que investiga esquema de lavagem
e desvio de dinheiro da estatal petrolífera.
De acordo com a revista, Pinheiro prometeu fornecer provas
de que Lula patrocinou o esquema de corrupção na estatal, como afirmou o
doleiro Alberto Youssef em depoimento no ano passado, se comprometeu a fornecer
aos procuradores a lista de despesas da família de Lula bancadas pela OAS e
disse ter conhecimento de como Lulinha, Fábio Luis da Silva, fez fortuna, com
atuação na órbita de influência da construtora. De acordo com fonte não
informada, ele pretende se valer da lei sancionada pela presidente Dilma
Rousseff – a delação premiada – para reduzir drasticamente sua pena em troca de
informações.
“Depois que o Léo falar, não tem como não prender o
Lula. Ou se prende Lula, ou se desmoraliza a Lava Jato”, diz a revista,
citando um interlocutor do executivo. De acordo com a reportagem, a OAS foi a
empreiteira que socorreu Lula quando a ex-chefe do escritório da Presidência da
República Rose Noronha, demitida após ter sido apontada pela Polícia Federal
por tráfico de influência no governo, ameaçou delatar seu beneficiário caso não
fosse ajudada financeiramente. E foi o executivo também quem cunhou para o
ex-presidente petista o codinome de “Brahma”.
Além da ajuda financeira no caso de Rose Noronha, a revista
diz que a OAS teria doado à família de Lula uma cobertura tríplex no Guarujá e
teria assumido, a pedido do ex-presidente petista, obras em imóveis da
cooperativa de bancários de São Paulo, comandada por João Vaccari Neto, que
mais tarde viria a se tornar tesoureiro do Partido dos Trabalhadores (PT).
Em matéria publicada em abril, a Veja já havia dito que o
ex-presidente da OAS examinava a possibilidade de se tornar delator na Operação
Lava Jato. Já solto, familiares o teriam estimulado a isso. “Questões
pessoais também levaram Pinheiro a negociar com o Ministério Público”,
informa a revista, destacando que seus netos foram hostilizados na escola.
Por Elizabeth Lopes | Estadão Conteúdo