Joaquim Barbosa diz que aguarda desfecho da lava jato

O ex-ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim
Barbosa, disse nessa segunda-feira, 3, em Fortaleza, que aguarda, “assim
como todo brasileiro”, o desfecho da Operação Lava Jato. Relator do
julgamento do Mensalão, ele alegou que está aposentado e que, por isso, não
iria comentar a nova prisão do ex-ministro José Dirceu. “A minha posição é
a mesma de vocês: de expectativa e observação”, afirmou. Ao ser perguntado
se o Poder Judiciário no Brasil teria autonomia suficiente para julgar e levar
os culpados à punição adequada, ele respondeu que sim e que temos um dos poderes
judiciários mais autônomos do mundo. Joaquim Barbosa se mostrou otimista e
afirmou que “estamos vivendo a primavera da esperança”. “Esses
crimes que agora nos chocam já foram rotina de países como os Estados Unidos no
final do século 19 e no início do século 20”, comparou.

“O Poder Judiciário brasileiro goza de prerrogativas e
independência que inexistem na maioria das democracias. Posso citar aqui um
exemplo. Há cerca de dois anos, eu estive na Holanda para participar de um
congresso internacional de presidentes de cortes supremas. E o choque da
discussão desse congresso era a questão do financiamento do poder judiciário em
diversos países. Houve uma perplexidade quase generalizada quando eu disse que
aqui no Brasil o Poder Judiciário goza daquilo que nós chamamos de autonomia
financeira, porque isso não existe em lugar nenhum. Ou seja, a possibilidade do
próprio Poder Judiciário elaborar o seu orçamento e submeter essa proposta de
orçamento ao Poder Legislativo. Isso foi pensado de maneira a fortalecer a independência
do Poder Judiciário. Por quê? Porque no nosso passado institucional, no passado
de vários países vizinhos e até mesmo dos Estados Unidos, houve momentos
históricos em que o poder político quis interferir na autonomia do Poder
Judiciário asfixiando-o financeiramente”, explicou Joaquim Barbosa.”O
juiz brasileiro goza de uma independência que juiz nenhum no mundo tem. Basta
ele querer ser independente”, frisou.

Para Joaquim Barbosa, o Brasil está em um caminho de
evolução e não de involução.” Há 30, 40 anos, esses crimes sequer viriam à
tona. E digo mais, há 30, 40 anos o Estado brasileiro não estava sequer
aparelhado para combater esses crimes de corrupção”, afirmou.

O ex-ministro do STF proferiu a palestra “Ética nos
negócios e na vida pública”, na abertura da 35ª Convenção Anual do
Atacadista Distribuidor (Abad), nessa segunda-feira em Fortaleza. O evento
prossegue até quinta-feira. De acordo com a entidade, o setor atacadista e
distribuidor registrou queda de 9,58 no primeiro semestre deste ano em
comparação com igual período do ano passado. Na avaliação do presidente da
Abad, José do Egito Frota Lopes Filho, o Brasil deverá melhorar quando o
governo colocar em prática a reforma fiscal e melhorar a infraestrutura.
“O problema é mais político do que econômico”, avaliou. (AE)

(FOTO: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO)

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