Comissão da Assembleia Legislativa da Bahia recomenda não renovação do contrato da Coelba Neoenergia

A Assembleia Legislativa da Bahia
(ALBA) divulgou, nesta terça-feira (03/12/204), relatório elaborado pela
Subcomissão de Acompanhamento da Execução do Contrato da Coelba, recomendando a
não renovação do contrato da companhia com o grupo Coelba Neoenergia. O
relatório, apresentado pelo deputado Robinson Almeida (PT), se baseia em falhas
recorrentes nos serviços prestados pela empresa e nos impactos negativos dessas
falhas sobre o desenvolvimento econômico e social da Bahia. A renovação do
contrato, solicitada pela Coelba até 2057, é considerada insustentável,
principalmente diante da série de problemas enfrentados pela população e
setores produtivos.

Falhas Recorrentes nos Serviços
Prestados

O documento destaca que a Coelba,
que atende mais de 6,6 milhões de consumidores no estado, tem falhado em
aspectos fundamentais da prestação de serviços. A análise foi construída a
partir de informações de quatro audiências públicas realizadas pela ALBA, além
de dados de órgãos como o Procon/Bahia e o “Reclame Aqui”. Esses elementos
revelam uma série de problemas relacionados à qualidade do fornecimento de
energia elétrica.

Entre os pontos mais críticos,
estão as frequentes interrupções no fornecimento de energia, que afetam tanto
consumidores residenciais quanto setores econômicos importantes. O relatório
cita o grande número de reclamações registradas por consumidores e a quantidade
expressiva de processos judiciais contra a empresa, ultrapassando 44 mil
processos, conforme dados do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Impactos Econômicos no Estado

Um dos principais argumentos do
relatório é o impacto das falhas nos serviços de energia sobre os setores
produtivos da Bahia, especialmente a agricultura e a indústria. A falta de
infraestrutura elétrica adequada, como redes modernizadas e subestações, tem
limitado o crescimento de atividades fundamentais para a economia local, como a
produção agrícola e a indústria.

O documento exemplifica os
problemas enfrentados por produtores de leite na região de Itabuna, que
perderam toda a produção devido a longos períodos de falta de energia elétrica.

No oeste da Bahia, muitos
produtores são forçados a recorrer ao uso de óleo diesel para garantir o
funcionamento das suas atividades. Além disso, indústrias situadas em áreas
urbanas consolidadas, como Camaçari e Feira de Santana, enfrentam dificuldades para
expandir suas operações devido à insuficiência da infraestrutura elétrica.

Setores econômicos
importantes, como a indústria de laticínios, relatam prejuízos consideráveis
devido à falta de energia ou falhas no fornecimento. Um exemplo citado durante
as discussões foi o caso de produtores de leite na região de Itabuna, que perderam
toda a produção devido à falta de energia elétrica por vários dias. No oeste da
Bahia há produtores que precisam utilizar óleo diesel para garantir a
continuidade da sua produção. Indústrias, em áreas urbanas e com pólos
consolidados, como Camaçari e Feira de Santana, também enfrentam dificuldade de
expansão de suas atividades”, enfatiza o relatório, assinado pelo deputado
Robinson Almeida.

“Regiões agrícolas
importantes, como o oeste baiano e o território de Irecê, enfrentam
dificuldades para crescer devido à insuficiência de infraestrutura elétrica”,
observa.

“Isso tudo sem contar os
problemas enfrentados, diariamente, pelos consumidores residenciais”, afirma.

Reajustes Tarifários e
Transparência

Outro ponto abordado no relatório
é o aumento contínuo das tarifas de energia elétrica, o que coloca a Bahia
entre os estados com as tarifas mais altas do Brasil. Entre 2020 e 2024, a
Coelba aplicou reajustes que somam 45,59%, colocando o estado à frente de São
Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, por exemplo. Esse aumento substancial
tem gerado um forte impacto no orçamento das famílias e das empresas baianas.

Embora a Coelba tenha adotado, em
2024, um modelo de maior transparência em relação aos seus processos, o
relatório ainda questiona a eficácia dessa mudança. Em especial, a empresa
deixou de fornecer informações detalhadas sobre os investimentos realizados ao
longo da concessão, o que reforça a percepção de falta de compromisso com a
melhoria dos serviços.

Crítica à Regulação da ANEEL

O documento também critica a
atuação da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) no processo de
regulação do setor. A comissão considera que a agência tem sido excessivamente
leniente com as distribuidoras de energia, incluindo a Coelba, e não tem levado
em consideração as especificidades locais da Bahia. De acordo com o relatório,
as regiões mais isoladas e de difícil acesso enfrentam dificuldades ainda
maiores no que diz respeito ao fornecimento de energia elétrica, o que não tem
sido adequadamente abordado pela ANEEL.

Conclusão Pela Não Renovação do
Contrato e Possível Nova Licitação

A análise dos dados presentes no
relatório levanta sérias preocupações sobre a capacidade da Coelba, sob a
gestão do grupo Neoenergia, em garantir a qualidade e continuidade dos serviços
de distribuição de energia elétrica na Bahia. Diante dos problemas operacionais
e da incapacidade da empresa em cumprir os padrões regulatórios e de qualidade
exigidos, a renovação do contrato não é considerada justificável.

O documento finaliza com uma
recomendação para que o processo de concessão seja revisado e sugere que uma
nova licitação do serviço seja considerada, com a possível revisão do modelo de
privatização do setor elétrico no Brasil. Para o relatório, a continuidade do
contrato com a Coelba não seria benéfica para o desenvolvimento sustentável da
Bahia.

“A análise dos problemas no
período de concessão da Coelba demonstra que a empresa do grupo Neoenergia tem
falhado em vários aspectos operacionais e de planejamento. Diante dos evidentes
déficits na prestação de serviços e na incapacidade de cumprir com os padrões
regulatórios e de qualidade, a renovação da concessão da Neoenergia Coelba não
é justificada. É recomendável que o processo de concessão seja revisado e que a
possibilidade de uma nova licitação do serviço seja considerada, dado o quadro
existente”, concluiu o relatório, que defende a revisão do modelo de
privatização do setor elétrico no Brasil.

Síntese dos dados do Relatório da
Coelba Neoenergia

Reclamações e Processos
Judiciais:

– Mais de 44 mil processos judiciais contra a Coelba
(Conselho Nacional de Justiça).

– Alta quantidade de reclamações em órgãos como
Procon/Bahia e “Reclame Aqui”.

Impactos Setoriais:

– Setores como a indústria de laticínios reportam
prejuízos significativos devido a falhas no fornecimento de energia.

– Perda de toda a produção de leite na região de
Itabuna devido a falhas na energia elétrica.

– Produtores do oeste baiano utilizando óleo diesel
para garantir a continuidade das atividades.

Tarifas de Energia:

– Aumento de 45,59% nas tarifas de energia entre 2020
e 2024.

– A Bahia está entre os estados com as tarifas mais
altas do Brasil, superando estados como São Paulo e Minas Gerais.

Infraestrutura Elétrica:

– Insuficiência de redes modernizadas e subestações
em diversas regiões do estado, especialmente no oeste e no território de
Irecê.

Críticas à Regulação:

– Crítica à ANEEL por ser leniente com as
distribuidoras de energia e por não levar em conta as necessidades locais
da Bahia.

Recomendações do Relatório:-

– Não renovação do contrato da Coelba com o grupo
Neoenergia.

– Consideração de uma nova licitação para o serviço
de distribuição de energia elétrica.

– Revisão do modelo de privatização do setor elétrico
no Brasil.

(Jornal Grande Bahia).

Foto: Ascom/Jornal Grande Bahia

 

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